A apenas alguns dias da divulgação dos resultados da primeira fase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior, os responsáveis das instituições da região divergem nas expectativas em relação às colocações. Se, por um lado, o reitor da Universidade da Beira Interior (UBI) se mostra otimista, o mesmo não se pode dizer relativamente ao presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG).
Constantino Rei diz que «gostava de ser mais positivo», mas considera que «este ano estão reunidas todas as condições para termos um ano difícil». O responsável do Politécnico espera, por isso, «resultados iguais ou muito próximos dos números do ano passado, que já foi mau», admitindo que «poderá até correr melhor nalgumas áreas, mas certamente que nas engenharias as coisas vão correr novamente muito mal». Constantino Rei lembra que «para além da introdução das provas de ingresso nesta área, este ano existem menos 1.300 candidatos», sublinhando que «quando faltam candidatos, esse fator faz-se sentir em primeiro lugar no interior do país e no ensino politécnico». O presidente do IPG antevê, por isso, «uma situação problemática» e avisa que tal se poderá alargar também a outras instituições que estavam habituadas a preencher a totalidade das vagas, e que este ano não o vão fazer».
Para este ano letivo, o IPG reduziu a oferta em 28 vagas, «uma quantidade muito pequena e que não deverá ter grandes reflexos na percentagem total de colocações», considera Constantino Rei. O presidente do Politécnico aponta para que «na primeira fase não ultrapassemos os 40 por cento do total de vagas preenchidas», enquanto na segunda fase as coisas poderão melhorar, mas não muito». Recorde-se que, no ano passado, o IPG abriu 789 vagas, preenchendo 273 na primeira fase e 93 na segunda. Contudo, Constantino Rei lembra que «é preciso contar com todos os outros regimes de acesso, como os concursos especiais, ou as transferências». Já nos CET, as expectativas são «claramente diferentes», pois «tem havido uma procura muito significativa e superior em relação a anos anteriores». Ainda assim, Constantino Rei diz ter «indícios que apontam para que haja, de facto, menos gente a estudar no IPG no próximo ano letivo». Outra situação que preocupa o responsável da instituição guardense prende-se com a «questão da crise» e o facto de não se saber se «as dezenas de alunos que ainda não pagaram as propinas por dificuldades financeiras o vão fazer e regressar à instituição ou se, por outro lado, abandonam o ensino superior».
Já o reitor da UBI diz que «no geral, estamos com expetativas bastante boas em relação à percentagem de colocados» e destaca que «nos anos anteriores temos registado uma percentagem de ocupação de vagas na primeira fase à volta dos 90 por cento». João Queiroz admite que o facto de haver nas engenharias «a restrição da matemática e físico-química como específicas obrigatórias» pode levar a «uma diminuição no número de candidatos nesta área», mas refere que «as expectativas passam por manter o número de candidatos e preencher uma boa percentagem das vagas que oferecemos, apesar de também haver menos candidatos ao Ensino Superior». Para João Queiroz, «as coisas vão correr bem» porque a UBI tem «uma oferta formativa estabilizada e tem dado garantias de qualidade nos cursos que oferece e isso dá-nos um certo otimismo em relação à procura que vamos ter». O reitor revela que «todos os anos, adicionando os candidatos dos outros regimes de acesso, conseguimos ocupar todas as vagas que disponibilizamos, num total de cerca de 1.400 alunos», e diz «não ter dúvidas» de que este ano será igual. Em 2011, a UBI disponibilizou 1.295 vagas, o mesmo número deste ano, ocupando 1.148 na primeira fase e 147 na segunda.
Resultados da primeira fase conhecidos segunda-feira
As colocações da primeira fase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior, que decorreu entre 16 de julho e 10 de agosto, são conhecidos na próxima segunda-feira, dia 10, mas a DGES (Direção Geral do Ensino Superior) deverá revelar os resultados via internet ainda durante o fim-de-semana. As matrículas e inscrições dos candidatos colocados decorrem entre esse dia e sexta-feira, tal como a apresentação das reclamações aos resultados. A apresentação da candidatura à segunda fase tem lugar também a partir de segunda e até ao próximo dia 21, sendo os resultados conhecidos a 27 deste mês e as matrículas feitas até 1 de outubro. Para a terceira e última fase, as candidaturas decorrem entre dia 27 e 5 de outubro, com os resultados a serem divulgados dia 11.
UBI cria fundo para alunos carenciados que colaborem com a instituição
A UBI criou um novo fundo para suportar propinas, alojamento, alimentação ou cuidados médicos de alunos carenciados que em troca colaborem com a instituição.
A medida faz parte do Fundo de Apoio Social aos estudantes de primeiro e segundo ciclo e mestrado integrado da UBI, cujo regulamento foi assinado na segunda-feira por João Queiroz e que entra em vigor este ano letivo. Os alunos devem cumprir tarefas como «zelar por alguns espaços, como pavilhões, bares», ou apoiar a UBI «no alargamento de horários das bibliotecas» para depois terem acesso aos benefícios, explicou o reitor. O limite máximo da ajuda é igual «ao valor da propina definida para o ano letivo correspondente», sendo que o estudante pode optar por receber o apoio «em senhas de refeição ou redução do preço no alojamento em residências da universidade». O fundo «vai funcionar com receitas próprias da universidade», complementando os apoios prestados pelas bolsas de ação social e destina-se a alunos carenciados, sejam bolseiros ou não. Os critérios de seriação de candidatos vão ser, por esta ordem, a insuficiência económica, o aproveitamento escolar e a fase do percurso académico para conclusão do ciclo de estudos. O regulamento prevê ainda que a cooperação em tarefas da instituição seja sempre compatível «com as atividades letivas por forma a não afetar o sucesso escolar». Não uma há previsão de quantos alunos o fundo poderá abranger, mas João Queiroz esclareceu que «vai ser necessário captar apoios externos e angariar verbas para ir tão longe quanto for possível».
Fábio Gomes