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ESEG homenageou «figura singular»

Livro de homenagem a Carreira Amarelo marcou sessão de tributo ao antigo director da instituição

«Uma figura singular». Foi assim que Joaquim Brigas, actual responsável pela Escola Superior de Educação da Guarda (ESEG) se referiu a José Miguel Carreira Amarelo, anterior director da instituição, na cerimónia de homenagem que teve lugar na semana passada. Um dos pontos altos do tributo prestado pela ESEG ao seu primeiro director eleito aconteceu com a apresentação de um livro evocativo da vida e obra do antigo docente, que faleceu em Dezembro de 2000, quando contava 66 anos, vítima de doença prolongada. Uma iniciativa que precedeu o descerramento de uma lápide nas instalações da ESEG, cujo auditório foi baptizado com o nome de Carreira Amarelo.

Na homenagem ao padre Amarelo, Joaquim Brigas lamentou o facto de muitas vezes só se reconhecer a importância de certas pessoas depois da sua morte. «Se a justiça dos homens não fosse cega, muda e surda, hoje o padre Amarelo ocuparia um dos lugares mais relevantes das personalidades que serviram a Guarda. A sua vida encerra um apelo ao combate à mediocridade e à inveja que, tantas vezes, apenas depois da morte, é capaz de reconhecer o mérito dos que deixam o reino dos vivos», lamenta. Recordou, de resto, que o homenageado era um «trabalhador incansável», que «nunca» teve outra ambição que não fosse «servir o próximo e engrandecer a sua região», sublinhou Brigas. Apesar de ter feito «muito daquilo que projectou realizar na sua vida», Carreira Amarelo costumava dizer que «o mais importante ficaria sempre por fazer», uma vez que «corria-lhe nas veias uma vontade de fazer mais e melhor», assegurou o seu sucessor na direcção da ESEG.

O “Livro de homenagem a José Miguel Carreira Amarelo”, que resulta da compilação de textos de 27 professores, tem uma tiragem de mil exemplares e um preço simbólico de cinco euros. “Reflectir sobre a gramática: passar do conhecido ao desconhecido”, “A manhã submersa de Vergílio Ferreira”, “O texto argumentativo”, “Culturas de resistência: geografias de uma memória racial”, “Culturas e Literaturas Africanas” e “Haverá um “milagre” económico irlandês”, são alguns dos temas abordados na obra. Para além de ter sido o primeiro director eleito da ESEG, Carreira Amarelo exerceu ainda funções de pároco na Vela, Benespera, Ramela e Marmeleiro, de onde era natural. A cerimónia contou ainda com a intervenção do reitor da Universidade de Évora e ex-director-geral do Ensino Superior, Manuel Ferreira Patrício, que apontou 21 desafios que o ensino superior português deve vencer nos próximos anos. Falando, entre outros, da identidade, financiamento, formação, investigação, qualidade, autonomia e da falta de um projecto global para o sector, o professor traçou um cenário pessimista e adiantou soluções. Para Manuel Ferreira Patrício, não pode haver instituições de ensino superior sem componente investigativa, classificando de «indecente» a falta de qualidade de algumas escolas e cursos. «Não temos alternativa, somos obrigados a ultrapassar estes desafios, mas acho que somos capazes de os vencer», disse o reitor.

Ricardo Cordeiro

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