No segundo semestre deste ano lectivo, em inícios de Janeiro, a escola Pêro da Covilhã vai acolher a primeira turma do Plano Integrado de Educação e Formação (PIEF) do concelho covilhanense criado essencialmente para combater o abandono escolar e o trabalho infantil. Turmas que já foram criadas na Guarda e em Castelo Branco.
Com esta turma composta por 12 jovens com idades entre os 14 e os 17 anos de idade, um conjunto de parceiros – Beira Serra (entidade gestora), escola Pêro da Covilhã, Santa Casa da Misericórdia, Câmara da Covilhã, Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), Câmara da Covilhã, Segurança Social, departamento de Psicologia da Universidade da Beira Interior (UBI), a Direcção Regional de Educação do Centro (DREC), Centro de Área Educativa (CAE), Centro de Saúde, Cilan e o ensino recorrente – vão unir esforços para motivar as crianças a concluírem o segundo ciclo de ensino básico (o 5º e 6º ano de escolaridade) e tentar que «continuem a estudar ou que ingressem num curso profissional», explica Jorge Antunes, presidente do conselho executivo da escola Pêro da Covilhã.
Embora esteja ciente das dificuldades que enfrentará com esta turma “especial”, o presidente do conselho executivo acredita que a equipa de seis professores, em conjunto com monitores e psicólogos – irá «motivar» os jovens. O essencial é «adaptar» o currículo escolar às necessidades de cada um, e não apresentar o currículo do ensino regular. Assim, além das disciplinas como Meio Ambiente Natural e Social, Português, Língua Estrangeira, os alunos terão ao seu dispor áreas de formação vocacional diferenciadas, como a iniciação à electrotecnia, jardinagem e calceteiros e a formação ao longo de todo o ano na área têxtil. As aulas práticas de Educação Visual e Tecnológica (EVT), ginástica e Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) serão as únicas a serem executadas na escola. A parte teórica será dada nas instalações do ensino recorrente. Tratando-se de crianças de realidades e conhecimentos diferentes, cada professor terá que «fazer um plano individual para cada um» para que ao fim de 36 semanas «consigam as competências para o terceiro ciclo», o que não os impede de as atingir antes.
Apesar de não ser favorável à escola a criação desta turma neste ano lectivo, por se tratar de um momento «difícil» por se estar numa fase de instalação dos agrupamentos, as expectativas «são grandes», sustenta Jorge Antunes, garantindo que sairá satisfeito se «no fim, a maioria atingir os objectivos». A escola já tem luz verde para funcionar a 5 de Janeiro – até porque a escola Pêro da Covilhã foi proposta pela DREC para receberem esta turma – estando apenas pela aprovação do plano curricular.
O PIEF surgiu em 1999 na sequência do Plano para a Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil (PEETI), com o objectivo de fornecer um conjunto de medidas que possibilitassem aos jovens em risco de abandono escolar terminar a escolaridade obrigatória com um ensino individualizado e técnico-prático. Para Fernando Nogueirinha, coordenador do PEETI na zona centro, o PIEF tem a vantagem de «integrar a criança em qualquer momento de ensino lectivo e facilitar a escolarização». É que o segundo ciclo de ensino básico poderá ser feito em apenas um ano, e o terceiro em dois anos, ao invés de três anos escolares. À Beira Serra, entidade gestora, caberá a «administração financeira» do PIEF e a «contratação dos monitores» que acompanharão os alunos.
Liliana Correia