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Lusitânia Expresso com paragem na Guarda a partir de dia 15

Cidade passa a ter uma ligação direta a Madrid e a Salamanca todas as noites e mais uma opção para viajar até Lisboa

É oficial. O Lusitânia Expresso, que liga diariamente Lisboa a Madrid, vai passar pela estação da Guarda a partir de dia 15. A REFER confirmou na semana passada o fecho do ramal de Cáceres (Torre das Vargens-Marvão) na próxima quarta-feira e a CP anunciou de seguida que aquele comboio-hotel internacional circulará pela linha da Beira Alta com paragens em Pombal, Coimbra B, Mangualde, Guarda e Vilar Formoso, seguindo depois pelas localidades espanholas de Fuentes de Oñoro, Ciudad Rodrigo, Salamanca e Ávila.

Como O INTERIOR noticiou em maio passado (ver edição de 24/05), a Guarda ganha uma ligação direta à capital espanhola todas as noites com esta mudança acordada na última Cimeira Ibérica, realizada no Porto. De resto, a operadora ferroviária espanhola RENFE já tinha anunciado internamente que a alteração da rota do Lusitânia Expresso aconteceria a partir de 17 de junho, mas a contestação dos municípios do Alto Alentejo e da Junta da Extremadura ao encerramento deste ramal adiaram a sua entrada em vigor. Só que a decisão era irreversível, pois tanto a CP como a RENFE querem rentabilizar um comboio «que dá 4 milhões de euros de prejuízo por ano», suportados a meias pelas duas transportadoras, fazendo-o passar por zonas «onde haverá mais mercado», como Salamanca e Coimbra. Por enquanto, a CP ainda não divulgou os horários das novas paragens do Lusitânia Expresso, apenas indicou que se mantêm as horas de partida e chegada em Lisboa e Madrid. Atualmente, o comboio sai da capital portuguesa às 22h30 e chega à capital espanhola pelas 8h03 (hora portuguesa), no mesmo período outra composição faz a viagem inversa.

O Lusitânia Expresso começou a ligar as duas capitais ibéricas em 1943 e é hoje um comboio de elevada qualidade – o preço dos bilhetes varia dos 60 aos 80 euros por pessoa consoante se pretenda cama em compartimento com casa de banho privativa e duche. A bordo, há ainda um restaurante. Em comunicado, a REFER sublinha que o fecho da linha linha Torre das Vargens-Marvão, com 73 quilómetros, estava previsto no âmbito do Plano Estratégico dos Transportes (PET). Do outro lado da fronteira, o troço entre Valencia de Alcántara e Cáceres, numa extensão de 97 quilómetros, que foi recentemente modernizado, vai continuar a ser utilizado com um comboio para Madrid. O fecho deste ramal já foi contestado pelos autarcas portugueses e espanhóis dos municípios afetados. Citado pela agência Lusa, Pablo Carrillo, alcalde de Valencia de Alcántara, lamentou a decisão, considerando ser «um retrocesso importante» para Portugal e para a relação entre os dois países. «Este ramal faz parte da linha mais curta entre Madrid e Lisboa e tudo o que seja limitar essa ligação rápida só pode ir em detrimento das comunicações e da política económica e social entre as duas comunidades», declarou. O mesmo pensa Vítor Frutuoso, presidente da Câmara de Marvão, para quem esta decisão vai prejudicar a região. «É mais uma machadada no interior. A CP tem feito o trabalho a prestações e este é o trabalho final. Por isso, desagrada-nos profundamente. É triste», declarou, prometendo, tal como o seu congénere espanhol, que não vai baixar os braços neste processo.

Luis Martins A CP vai divulgar nos próximos dias os horários de paragem na estação guardense

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