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Carlos Gonçalves debaixo de fogo

PS exige demissão do director do Centro de Emprego da Guarda por ter apresentado Plano de Urbanização de Manteigas

O director do Centro de Emprego da Guarda está debaixo de fogo depois do semanário “O Independente” ter noticiado que Carlos Gonçalves, engenheiro civil de profissão e sócio de uma empresa do sector, tinha feito a apresentação pública do Plano de Urbanização do Concelho de Manteigas, elaborado por essa sociedade de engenharia. Fernando Cabral, presidente da Federação do PS da Guarda, já exigiu a demissão do social-democrata «para não ser demitido». Mas o visado garante que não cessará funções no IEFP, pois só explicou «única e exclusivamente» o projecto a convite do presidente da Câmara.

No entanto, “O Independente” sugere que a sessão de apresentação pública do Plano de Urbanização de Manteigas, realizada em Junho último, poderá configurar uma possível ilegalidade, uma vez que o dirigente de um serviço público não deve dar a cara em negócios particulares. No alegado caso de Carlos Gonçalves, o director do Centro de Emprego pode mesmo ter violado o princípio, constante do regulamento do pessoal dirigente do IEFP, segundo o qual é vedada qualquer actividade privada a quem quer que exerça funções de topo no instituto. É com base nestas circunstâncias que Fernando Cabral reclamou sexta-feira, durante o jantar de Natal dos socialistas guardenses, a demissão de Gonçalves. «Dada a sua indisponibilidade para estar em exclusividade no Centro de Emprego da Guarda, Carlos Gonçalves tem que apresentar a demissão porque isso não dignifica a função, a política e não serve os utentes do IEFP», sentenciou. Um epílogo que o engenheiro recusa, vindo de quem veio: «O PS está no seu pior momento, porque não posso admitir que me venham dar lições de ética e de honestidade política quando de facto o PS a não tem, porque Fernando Cabral, enquanto Governador Civil do distrito, foi ao mesmo tempo presidente da Federação do PS. Isso é que é promiscuidade política», contra-atacou Carlos Gonçalves, que garante que a sua demissão só acontecerá «quando quem me colocou como director do Centro de Emprego da Guarda assim o entender».

Citado pelo “Independente”, o director do Centro de Emprego disse ser um «sócio silencioso» da empresa e que não é ele quem dirige a equipa do Plano Geral de Urbanização de Manteigas, tendo aceite fazer a apresentação pública do documento por lhe ter sido solicitado por José Manuel Biscaia, enquanto antigo técnico da Câmara. Já no sábado, durante o jantar social-democrata de Natal, Gonçalves reiterou ter ido «pelos munícipes, para explicar em que pé estava o projecto, que é da Câmara e dos munícipes e que eu iniciei antes da minha entrada no IEFP. Estive presente nessa reunião e expliquei o projecto, o que tinha sido feito e o que faltava fazer, foi única e simplesmente isto», explicou, acrescentando ter-se retirado da função de gerente da empresa em causa quando assumiu o cargo no IEFP da Guarda. «Achei que não devia ter qualquer ligação em termos da gestão da empresa. Agora, não deixo de ser sócio e não é estranho para ninguém que o seja», sublinha.

Luis Martins

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