Adiamento por um ano do processo de agregação de escolas para se poder até março de 2013 reorganizar a carta educativa e ponderar bem qualquer agregação a fazer e simultaneamente aceitar as agregações que as escolas entendessem dever fazer dentro do espírito do legislador e os critérios estabelecidos. Foi assim que a Câmara Municipal da Guarda se pronunciou no Conselho Municipal de Educação e na reunião do executivo sobre o atual processo de agregação das escolas da Guarda. A autarquia não entende toda esta pressa que se está a verificar e defendeu ao longo do processo que as modificações se devem fazer com tempo e ser bem preparadas.
É no mesmo sentido que as Escolas que eventualmente serão nossas parceiras no futuro Agrupamento (Agrupamento de Escolas de S. Miguel ou Agrupamento de Escolas da Sequeira) se posicionam. O EXPRESSÃO foi ouvir António David Gonçalves, diretor do Agrupamento de Escolas de S. Miguel e José Grilo dos Santos, diretor do Agrupamento de Escolas da Sequeira.
De um modo geral ambos os diretores coincidem nas críticas ao processo já encetado. E ambos secundam a política enunciada no Conselho Municipal de Educação, em que se considerou adequado reservar o próximo ano letivo para definição da carta educativa do concelho da Guarda e respetiva rede escolar, começando o verdadeiro processo de agregação em 2013. Quanto à agregação, S. Miguel orienta-se mais para a Escola Afonso de Albuquerque e a Sequeira para a Escola da Sé. António David Gonçalves, diretor do Agrupamento de Escolas de S. Miguel, referiu ainda como óbices ao sistema de agrupamentos as dificuldades que se irão verificar na gestão e coordenação pedagógica do novo agrupamento. Não é a mesma coisa “ter um diretor próximo ou distante, ter um diretor ou ter um coordenador de escola, sem a autoridade do diretor”, refere A. David. O efeito de proximidade vai perder-se também. José Grilo dos Santos salientou-nos sobretudo o efeito pernicioso que a agregação vai ter na construção da “identidade própria da escola” lentamente construída ao longo dos últimos anos com a realização de tendências muito próprias de cada projeto educativo. Muito deste trabalho de construção de um perfil de escola irá ser deitado fora no processo de agregação. Outro argumento apontado por José Grilo dos Santos seria o respeito pelos mandatos dos diretores eleitos, a maior parte a acabar mandato no final de 2012/13. Mas tanto António David Gonçalves como José Grilo dos Santos não têm ilusões quanto à inevitabilidade do processo arrancar já de seguida.
Também as Associações de Pais se manifestaram contra todo este processo, coincidindo assim em uníssono com a opinião das diversas Escolas quanto ao adiamento desejável e quanto às agregações que se configuram. A Associação de Pais da Sequeira ainda apresentou de novo a sua proposta de criação de uma Escola secundária na zona da Guarda-Gare, a zona mais povoada da Guarda, mas o aparecimento de dois agrupamentos ligados às escolas secundárias já existentes tira margem de manobra a qualquer pretensão deste tipo.
Quanto aos sindicatos, pelas declarações públicas já feitas, eles são frontalmente contra os agrupamentos já que se integram, segundo eles numa “investida economicista” e contribuem sobremaneira para o desemprego docente. Por outro lado, criticam a reforma como uma “barbaridade pedagógica” que provoca a “desumanização do espaço escolar”.