Arquivo

Silêncios (Ainda o Novo Hospital)

Inquietava-me na semana passada sobre as pouco inteligentes razões que terão levado à paragem da construção do novo hospital da Guarda. Apontava o facto de a não concretização da obra poder sair-nos muito cara, entre receitas de impostos perdidas e indemnizações a pagar. Mostrava ainda, mesmo que com pouco jeito, que mais valia seguir em frente e que só a pouca qualidade dos políticos, ou mais uma traição à Guarda, poderiam justificar a paragem da mais importante obra na nossa região em mais de um século.

Não o fiz, por falta até de espaço, ou lembrança, mas poderia ter assinalado que um investimento de quase 50 milhões de euros na região traria inúmeros benefícios para além da pura e simples concretização da obra e do valor que esta aportaria no futuro.

É evidente, penso, que seriam criados, ou mantidos, muitos postos de trabalho, directa ou indirectamente. Uma obra implica trabalhadores e estes fazem despesa, pagam impostos e segurança social; uma obra implica fornecimentos de matérias primas, equipamentos, serviços. Implica, sabê-lo-iam os nossos políticos, não tivessem eles gasto o melhor das suas vidas nos aparelhos partidários e no parasitarismo público, um efeito multiplicador do investimento na economia (local e nacional).

O argumento é demasiado “keynesiano” para os nossos políticos? Que nos digam então o que pensam sobre o assunto. Que nos expliquem, direitinho, porque pararam as obras. Quais os motivos últimos da preferência de se pagarem indemnizações sobre a realização e pagamento dos trabalhos contratados (respeitando a palavra dada). É que, no final de todos os possíveis finais para esta triste historia vamos estar nós, tristes cidadãos e contribuintes, como pagadores efectivos e últimos das asneiras dos políticos e dos seus incumprimentos – ainda por cima em nosso nome.

Perante tudo isto, é urgente saber a opinião e os planos do Ministério da Saúde, da nova Administração da ULS da Guarda e da Câmara Municipal da Guarda sobre o assunto. Sobre as razões por que parou a obra e sobre o que se vai seguir. É que, à falta de melhor, na raiz da actual situação temos mais uma vez as habituais toneladas de incompetência e o habitual calculismo político em detrimento do interesse geral. Apostam que se vão manter caladinhos e esperar que passe o interesse sobre o assunto? E onde está a comunicação social?

Por: António Ferreira

Sobre o autor

Leave a Reply