Arquivo

Rota dos Escritores termina em Coimbra

Pavilhão Centro de Portugal acolhe exposição conjunta, sessões de pedagogia da leitura, oficinas de escrita e conferências

Vergílio Ferreira regressou a Coimbra com a exposição “Lugares da Escrita”, inaugurada sábado no Pavilhão Centro de Portugal, no âmbito da Rota dos Escritores do Séc. XX. Esta mostra conjunta, patente até 22 de Janeiro do próximo ano, aposta na diferença ao revelar o espaço privado e os objectos que envolveram a criação literária dos sete autores evocados ao longo do ano neste projecto da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) a propósito da Coimbra 2003 – Capital Nacional da Cultura. Para além da exposição, estão previstas sessões de pedagogia da leitura, oficinas de escrita, um ciclo de mesas-redondas sobre a criação literária situada e a edição do livro “Rota dos Escritores do século XX”, uma colecção de sínteses bibliográficas em formato de bolso dos sete escritores.

Vergílio Ferreira (Gouveia), Eugénio de Andrade (Póvoa da Atalaia-Fundão), Afonso Lopes Vieira (Leiria), Aquilino Ribeiro (Vila Nova de Paiva), Miguel Torga (Coimbra), Fernando Namora (Condeixa-a-Nova) e Carlos Oliveira (Cantanhede) deram o mote numa iniciativa inédita que focou as relações destes escritores tutelares com as terras e as gentes da Região Centro através de outras tantas exposições individualizadas e itinerantes. Durante o ano que agora termina, o projecto quis contribuir para um maior conhecimento de sete autores do século XX que, pela sua representatividade e o seu contributo cultural, se distinguiram na região. Exposições, conferências e livros pretenderam difundir a obra e vida destes escritores que se notabilizaram pela qualidade e força comunicativa dos seus trabalhos, através da investigação, promoção e recuperação do património da região, nomeadamente dos espaços onde habitaram, criaram e se viram implicados na sua obra.

Foi o caso da Póvoa da Atalaia, que se reencontrou com Eugénio de Andrade, o único ainda vivo dos sete autores homenageados, numa exposição “Eugénio de Andrade – A Raiz das Palavras”, instalada na sede da Junta de Freguesia da sua terra natal e que tem uma presença constante na sua poesia através da abordagem de temas bucólicos, da faina campesina e do viver das gentes da Beira. Em Gouveia, Vergílio Ferreira, desaparecido em 1996, foi evocado através de uma exposição bibliográfica no Museu Abel Manta, intitulada “Sobre o Silêncio da Terra”, de um livro que aborda a relação do escritor com a sua terra natal, de uma revista da responsabilidade da Universidade da Beira Interior e de um roteiro Vergiliano, criado a partir de Melo. Contributos agora reunidos até Janeiro em Coimbra numa exposição colectiva – visitável todos os dias das 14 às 20 horas – que revela o espaço privado e os objectos que envolveram a criação literária dos sete autores.

De resto, o espaço acolhe ainda sessões de pedagogia da leitura, oficinas de escrita, além de vários eventos de animação cultural, com a participação dos núcleos autárquicos da Rota dos Escritores. Em simultâneo, está agendado um ciclo de mesas-redondas sobre a criação situada destes escritores. A primeira tem lugar terça-feira a propósito de Miguel Torga, contextualizado por António Arnaut e Carlos Santarém Andrade. Uma semana depois será a vez de Eugénio de Andrade, visto no dia 4 de Dezembro por Fernando Paulouro e Rui Laje. Finalmente, a 15 de Janeiro, Alípio de Melo e António Gordo falam de Vergílio Ferreira. Cinco dias depois realiza-se um painel global, bem como a apresentação do livro “Rota dos Escritores do Séc. XX”, com textos de Aníbal Pinto de Castro, J.C. Seabra Pereira, Helena Buescu, Rosa Goulart, José Manuel Mendes, Carlos Reis e Fernando Guimarães.

Luis Martins

Sobre o autor

Leave a Reply