O ciclo “Teatro de Outono”, organizado pela delegação da Guarda do Inatel, termina este fim-de-semana com quatro espectáculos em Seia, Vila Franca das Naves (Trancoso), Aguiar da Beira e Guarda. Durante um mês, oito localidades do distrito acolheram dez representações de seis grupos de teatro amador do distrito e de Ansião (Leiria), com o objectivo de promover a itinerância distrital destas pequenas companhias, ajudar ao desenvolvimento de uma dinâmica cultural local e implementar o (re)nascimento de núcleos de teatro capazes de despertar as artes do palco nestas localidades.
A última etapa do “Teatro de Outono” leva, de amanhã a domingo, o “Aquilo” a Seia, o Teatro Olimpo a Vila Franca das Naves (Trancoso) e à Guarda, bem como o Teatro do Imaginário a Aguiar da Beira. O grupo guardense apresenta amanhã à noite no Cine-Teatro senense a peça “Uma Pedra na Mão”, encenada por António Godinho e com Victor Amaral e Américo Rodrigues. Esta dramaturgia foi inspirada na vida perturbante e singular de Zé Ganhão, um homem que viveu mais de cinquenta anos no interior de uma pedra perto da Guarda. Um abrigo ao qual regressava diariamente este vagabundo, que terá morrido há mais de quatro décadas, depois de deambular pelas aldeias em redor, aterrorizando tudo e todos. No sábado, o Teatro Olimpo leva “Jacuzzi” ao palco do Salão Paroquial de Vila Franca das Naves. De Casimiro Simões, dramaturgo ansianense galardoado em 1995 pelo Inatel, esta produção é uma sequência de quatro monólogos satíricos que funcionam como confessionário para quatro personagens muito peculiares. Todas unidas por um jacuzzi, cenário principal dos episódios que acolhe Fernando Silva, João Pedro Gama, Rosa Andrade, Dulce Silva, Casimiro Simões e Rita Arnaut.
Ainda no sábado, o Teatro do Imaginário (Manigoto – Pinhel) leva “Os Nomes da Terra” até ao Centro Cultural de Aguiar da Beira. É a primeira produção de uma estrutura do Grupo de Amigos do Manigoto, construída a partir do imaginário popular daquela aldeia do concelho de Pinhel por Américo Rodrigues. Depois de ouvir muitas histórias, conhecer a tradição e a realidade do presente, o autor escreveu “Os nomes da terra”, inspirando-se em factos e personalidades ligados ao Manigoto. A peça é, sobretudo, uma história de amor entre personagens de tempos diferentes que, após uma longa separação, se reencontram para serem felizes. Entretanto, no mesmo espaço intemporal, encontram-se figuras marcantes da aldeia, como o padre Fragoso ou a Menina Aidinha, que falam de si e dos outros. Há também personagens enigmáticas que Américo Rodrigues foi roubar à sua própria memória ou, de forma subtil, às ruas do Manigoto. O resultado é uma história que celebra a vitalidade de uma comunidade, com os seus usos, lembranças, mistérios e as suas alegrias. No domingo à tarde, no Centro Cultural e Social de S. Miguel, na Guarda-Gare, “Jacuzzi”, do Teatro Olimpo, corre o pano sobre a edição deste ano do “Teatro de Outono”.