A Universidade da Beira Interior (UBI) vai ser uma das contempladas com a abertura de mais 39 vagas na licenciatura em Medicina no próximo ano lectivo para colmatar a falta de médicos em Portugal. A decisão foi anunciada na semana passada por Maria da Graça Carvalho, ministra da Ciência e do Ensino Superior, que pretende criar mais 289 vagas em Medicina no próximo ano. Os cinco cursos mais antigos (Coimbra, Lisboa, Nova de Lisboa e os dois do Porto) registarão um aumento de cerca cem vagas em relação a 2003, enquanto que o curso de Braga – criado aquando do da UBI – terá mais 50 alunos.
Tendo como base o “Plano Estratégico para a Formação nas Áreas da Saúde”, publicado em Dezembro por Alberto Amaral, encarregado do Grupo de Missão para a Saúde, a ministra da tutela pretende colmatar um problema que poderá se agravar dentro de dois anos, quando muitos dos actuais médicos e especialistas se aposentarem. Sendo assim, a licenciatura em Medicina na UBI terá 100 vagas disponíveis no ano lectivo 2004/2005, apesar das instalações definitivas da Faculdade de Ciências da Saúde, junto ao Hospital Pêro da Covilhã, ainda não estarem construídas. Recorde-se que no contrato de desenvolvimento assinado entre a UBI e o Ministério da Ciência e do Ensino Superior (MCES), a universidade propunha-se receber já este ano lectivo 100 alunos, mas o ministério apenas concedeu mais uma vaga a juntar às 60 com que iniciou o curso. Devido à falta de médicos a nível nacional, a UBI «disponibilizou-se a admitir mais alguns alunos» no próximo ano lectivo, explica o reitor Santos Silva, garantindo que as instalações provisórias, junto ao pólo VI, têm capacidade para receber uma centena de estudantes no próximo ano apesar do curso já possuir 203 alunos (120 do segundo e terceiro anos e 73 do primeiro, que recebeu mais 12 alunos do MCES por terem sido prejudicados o ano passado pelo ensino recorrente).
Além do mais, o edifício provisório terá «mais espaço» no próximo ano, visto que os alunos do terceiro ano vão completar a formação nos hospitais e centros de saúde da Guarda, Castelo Branco, Covilhã e Fundão, sendo que nestas duas unidades do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) os alunos do terceiro ano passam a estagiar já em Dezembro. Para Santos Silva, a atribuição de mais 39 vagas é o sinónimo de que a universidade se está «a desenvolver tal como nos propusemos, com um modelo inovador, diferente do tradicional». “O Interior” dava conta na última edição da pouca atracção dos médicos espanhóis para esta zona. É que havendo falta de especialistas em Portugal, o CHCB decidiu recrutá-los em terras espanholas. No entanto, por causa da interioridade, a acção não foi bem sucedida. Defendendo as «óptimas condições do CHCB para desenvolver o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o ensino / investigação», Santos Silva acredita que daqui a três anos muitos destes jovens estudantes irão fixar-se na região. «Pelo menos, esse foi um dos propósitos da criação da Faculdade de Ciências da Saúde», recorda.
Liliana Correia