A afluência ao Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa no seu primeiro ano de funcionamento está dentro do que era esperado inicialmente. O espaço assinala este sábado o seu primeiro aniversário e até à última quinta-feira tinha tido 37.640 visitantes, um número que deixa os seus responsáveis satisfeitos e confiantes de que vai continuar a ter procura no futuro.
A maior parte dos visitantes são portugueses, que chegam «um pouco de todo o país», mas com especial incidência da «zona Norte e da região de Lisboa», explica o diretor do Parque Arqueológico, estrutura que integra o Museu do Côa. A seguir aos portugueses, surgem os espanhóis, mas «depois temos visitantes um pouco de todo o mundo, desde a Escandinávia até ao Oriente. Temos recebido aqui gente das mais variadas proveniências», assegura António Martinho Baptista. O responsável adianta que há dois meses começaram a ser feitos inquéritos a quem visita o museu, cujas conclusões poderão vir a dar «alguns dados interessantes». Os 37.640 visitantes «andam dentro da média que previmos inicialmente, de que se o Museu tivesse entre 30 a 40 mil visitantes já o consideraríamos um sucesso». De resto, sublinha que é «um número que nos dá garantia de algum sucesso que o Museu teve, pese embora os tempos de crise, e também é importante assinalar que, de uma maneira geral a opinião que os visitantes têm do Museu, e isso tem-se refletido na própria comunicação social, é globalmente positiva».
«Para primeiro ano não nos podemos queixar. Tivemos um afluxo crescente de visitantes que se manteve ao longo do ano e os números são interessantes. Evidentemente que não podemos ficar totalmente satisfeitos com o que temos porque queremos sempre mais», reforça. Já os núcleos de gravuras rupestres, que existem desde a abertura do Parque em 1996, receberam 5.509 visitantes desde o dia 2 de janeiro deste ano. Em relação à possibilidade de surgirem novos projetos, António Martinho Baptista sublinha que «neste momento está pendente a entrada em funções, ou não, de uma Fundação para gerir o Parque e o Museu», sendo que «estamos um bocado na expetativa». Em oposição, «a mantermo-nos no IGESPAR, como estamos até agora, somos um serviço dependente da atual secretaria de Estado da Cultura», indica. O responsável salienta que «gostaria de ter mais gente a trabalhar connosco», uma vez que o atual número de trabalhadores «é insuficiente para a quantidade de procura que temos». Quando foi criado, o PAVC abriu com 16 guias, o dobro dos oito que existem agora e que «também são guias do Museu e esse número é que é insuficiente».
É este número que «tem que aumentar, tendo em atenção que a nossa oferta hoje em dia é não só dar a ver o Museu com visitas guiadas, que também fazemos, mas também levar as pessoas ao campo, aos sítios de arte rupestre, e neste momento não conseguimos dar saída a todos os pedidos que temos», assegura. O coordenador do Parque Arqueológico e do Museu do Côa reconhece que há neste momento «um certo número de operadores privados, todos eles certificados pelo Parque Arqueológico, que já trabalham na região, levando visitantes a ver gravuras, mas de qualquer forma é aqui que a nossa oferta tem que ser aumentada», acrescenta.
Novo Governo mantém modelo de Fundação
O INTERIOR contatou a Secretaria de Estado da Cultura com o intuito de saber se o novo Governo prevê alguma alteração ao modelo de gestão definido para o Museu do Côa ou se mantém a opção da criação de uma Fundação. João Villalobos, adjunto para a comunicação do secretário de Estado Francisco José Viegas, esclareceu apenas que a tutela «vai avançar para o modelo de Fundação e em breve serão anunciados os seus contornos, bem como a composição do Conselho de Administração».
Museu com entrada livre no domingo
O primeiro ano do Museu do Côa é assinalado no domingo com um dia de portas abertas. Os visitantes terão entrada gratuita e será exibido, ao longo do dia, o documentário “Côa, La Riviére aux Mille Gravures/ Côa – O Rio das Mil Gravuras”, de Jean-Luc Bouvret.
O segundo maior museu do país em termos de área – tem 6.600 metros quadrados de área coberta – tem por missão divulgar e contextualizar a arte paleolítica descoberta nas margens do Côa, uma área considerada Património da Humanidade pela UNESCO. Lá estão vários achados daquele período, representações de gravuras e reconstituições a três dimensões de algumas rochas, com destaque para a verdadeira obra de arte paleolítica do Fariseu.
Ricardo Cordeiro