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«Não nomear Governadores Civis é um erro político»

Santinho Pacheco acredita que há funções que devem ser desempenhadas pelo Governador Civil

O representante do Governo no distrito da Guarda encerra agora um ciclo de 18 meses em que procurou «defender a coesão» no interior do país. Perante a decisão do primeiro-ministro de não nomear mais Governadores Civis, Santinho Pacheco não tem dúvidas em afirmar: «Estamos perante um erro político».

O responsável não concorda com a medida e entende, aliás, que a decisão de Passos Coelho é «precipitada» e não vai de encontro «aos interesses» desta região. «O nosso trabalho era pegar em todas as pontas e manter uma determinada coesão, que era extremamente importante para a defesa dos interesses das populações», defende, acrescentando que «são os distritos que saem a perder com a “extinção” dos Governadores Civis», sobretudo no interior do país, onde «as pessoas estão mais afastadas do poder central». Apesar de ver no seu gabinete um trabalho essencial, Santinho Pacheco reconhece que a medida poderá mesmo gozar de grande popularidade junto dos portugueses: «O atual Governo quer demonstrar que está interessado em fazer poupança de dinheiros públicos e muita gente vai gabar esta decisão de se extinguir um cargo público», admite.

No entanto, o ainda governador deposita no tempo todas as esperanças, acreditando que o executivo irá, mais tarde ou mais cedo, aperceber-se de que tomou «uma má opção». «Não tardará muito que fique demonstrado que foi um erro a não nomeação de Governadores Civis», garante Santinho Pacheco. A decisão não o apanhou de surpresa. Há muito que ouvia críticas de «presidentes de Câmara, deputados e representantes de partidos mais à direita, que diziam que os Governadores Civis não faziam nada». O responsável não se revê nesta ideia e garante que o seu gabinete sempre se esforçou para trabalhar em várias vertentes essenciais ao distrito. «Mantivemos um diálogo permanente com todas as forças de segurança, tivemos sempre capacidade reivindicativa e uma defesa intransigente do tecido económico da região», argumenta.

Para ilustrar a frase, socorre-se de exemplos como a luta pela manutenção da fábrica Delphi na Guarda, o lançamento de uma campanha de sensibilização junto dos tratoristas com o objetivo de reduzir acidentes e o acompanhamento de projetos nas diferentes Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), entre outros. Ao extinguir-se o cargo, Santinho Pacheco lembra que haverá falta de coesão entre as diferentes entidades públicas. «Cada município exerce e bem as suas funções, mas em tempos de crise há muita competitividade entre os concelhos e isso afeta a visão global dos interesses», considera. É por isso que entende que um Governo Civil tem «essa função de equilíbrio» entre os outros poderes de uma região. «Sei do que estou a falar, sei o que a minha equipa trabalhou. Muitas vezes as pessoas não têm noção de tudo o que fez nos “bastidores”», declara.

No momento de partida, ao olhar para os últimos meses, é categórico em afirmar que sai «de consciência tranquila». «Penso que desempenhei o meu lugar o melhor que podia e sabia. Há mesmo um conjunto de atividades que atestam que estivemos no terreno, junto da sociedade civil», conclui.

Catarina Pinto Santinho Pacheco esteve 18 meses à frente do Governo Civil da Guarda

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        político»

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