António José Seguro soma apoios entre os socialistas da Guarda, cuja Federação deu carta branca aos militantes para a eleição do secretário-geral do partido agendada para 22 e 23 de julho. Já Francisco Assis, que foi eleito deputado pela Guarda em 2009, só parece conseguir amizade e elogios pelo seu desempenho na Assembleia da República.
O próprio José Albano Marques, presidente da Federação, já decidiu e optou por António José Seguro sem problemas de consciência. «Foi uma decisão facilitada, apesar da amizade com Francisco Assis. Até porque António José Seguro é militante na Guarda, foi presidente da Federação e deputado por este círculo, tem história no distrito», justifica o antigo número dois da lista liderada por Assis. Também Nuno Almeida, presidente da concelhia da Guarda, prefere Seguro: «Vai ter uma maioria expressiva por cá, até porque ainda é militante desta concelhia e tem bastantes afinidades com os guardenses», refere. O dirigente acrescenta que nada tem contra Assis, cujo trabalho como líder parlamentar elogia, mas adianta que a sua escolha fica a dever-se à linha programática de «Tózé». «Ele é o mais indicado para redefinir o PS enquanto partido de centro-esquerda. Francisco Assis é mais terceira via, na linha do ideal neoliberal de Tony Blair», considera.
Outro apoiante de peso de António José Seguro é o presidente da Câmara da Guarda, Joaquim Valente, bem como Esmeraldo Carvalhinho, autarca de Manteigas, Fernando Cabral (ex-deputado e presidente da Federação), Eduardo Brito (ex-edil de Seia), Maria do Carmo Borges (antiga presidente da Câmara da Guarda e dirigente da Federação) ou Santinho Pacheco (atual Governador Civil e ex-autarca de Gouveia). Amílcar Salvador também está com Seguro, «mas a título pessoal», faz questão de sublinhar o vereador e presidente da concelhia de Trancoso. «São dois excelentes candidatos, ambos foram eleitos pelo distrito para a Assembleia da República, mas António José Seguro será mais abrangente em termos da abertura à sociedade», declara, dizendo que também espera para ver o programa dos dois candidatos. «É essencial que o próximo secretário-geral do PS continue o trabalho de Sócrates relativamente ao interior do país», refere.
Os dois candidatos apresentaram as suas primeiras ideias na semana passada. «Somos o principal partido da oposição, somos a alternativa, comigo não contem para ficar à espera que o próximo Governo apodreça para tomar o seu lugar. Sempre fui e sou contra os rotativismos», declarou António José Seguro. O ex-ministro de António Guterres disse ainda que «este é o tempo certo para quem está na política com convicções e por causas» e defendeu «uma relação sadia» com o próximo Governo. «Não aposto no bota-abaixo nem no negativismo – e oxalá os restantes partidos saibam entender e abram-se sem tabus a novos diálogos e a novos compromissos. Vamos assumirmos com alternativa, desde já com propostas findo este ciclo de debate interno, queremos fazer parte da solução e não do problema», afirmou.
Por sua vez, Francisco Assis considerou que nesta altura «há necessidade de fazer ruturas» e assumir-se como «uma alternativa de esquerda credível». O líder parlamentar cessante assumiu ainda que a sua candidatura é, «simultaneamente, de continuidade e mudança», apontando para a história do partido e também para a construção dos «caminhos do futuro». Francisco Assis acrescentou que o PS tem «uma grande obrigação: constituir-se numa alternativa de esquerda credível em Portugal», lembrando que «a esquerda foi praticamente varrida da governação europeia» e que muitas das opções da Europa têm sido «por soluções conservadoras, quando não mesmo por soluções populistas e perigosas». Por cá, Assis parece perder no duelo com o passado de Seguro, que foi membro da Assembleia Municipal de Gouveia (2001 a 2005), deputado à Assembleia da República e presidente da Federação Distrital do PS Guarda (de Maio de 1998 até Outubro de 2000).
Luis Martins