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«Por favor, não pague o Hotel Turismo»

Pedido polémico de Álvaro Amaro marca comício de Passos Coelho na Guarda

Nem Pedro Passos Coelho, nem Manuel Meirinho, quem brilhou no almoço-comício do PSD na Guarda foi Álvaro Amaro. O líder da distrital foi o último a falar na passada quarta-feira e lançou uma verdadeira bomba quando pediu ao candidato a primeiro-ministro que, se for eleito, não pague os 1,8 milhões de euros que o Turismo de Portugal ainda terá que liquidar junto da Câmara pelo Hotel Turismo.

Amaro pediu «esse favor» a Passos Coelho e repetiu várias vezes «não pague» para depois justificar a polémica solicitação. «Sabe porque lhe peço para não pagar, é porque a vergonha é bem maior. O Estado, que eu pago com os meus impostos, compra um hotel à Câmara. Não é gerir bem os recursos do Estado comprar hotéis às Câmaras, senão eu também compro lá em Gouveia e depois vendo ao Estado, pois não há amigos de um lado e inimigos do outro», disse, obtendo uma estrondosa ovação. O presidente da distrital social-democrata recordou o grupo de empresários que ofereceu quatro milhões e estranhou a nega da autarquia: «Se calhar, não sabia bem quando é que lhe pagavam, enquanto o Estado socialista paga na hora. Parece que pagou agora uma parte e o futuro Governo que pague o resto. Por favor, não pague», insistiu. Estava lançada a polémica – que há-de ter epílogo pós-eleitoral.

Mais comedido foi Manuel Meirinho. O independente que lidera a lista social-democrata pela Guarda começou por constatar que «não valeram de nada ao distrito seis anos de Governo socialista». Antes pelo contrário, «o PS deixa um rasto de abandono e destruição, todos os indicadores o confirmam», acrescentou. Já Passos Coelho disse na Guarda o que tem dito por todo o lado. «Pediram ajuda porque sabiam que raparam o fundo ao tacho e já nem mais um mês aguentavam sem esconder que não tinham sequer dinheiro para pagar os salários dos funcionários públicos. Agora, quem os ouve, parece que não é nada com eles», declarou. O candidato a primeiro-ministro lembrou que os socialistas têm repetido que o PSD «tem projetos e ideias perigosas para Portugal», mas considerou que «eles têm é medo, porque sabem que são essas ideias que podem levar a uma profunda mudança no nosso país. Eles não conseguem e, por isso, lançam o medo», criticou.

«A esperança vai vencer o medo», sublinhou, prometendo construir um Estado «à dimensão do que podemos pagar» e dar dinheiro «dos nossos impostos a quem realmente precisa». E perguntou: «É perigoso dizer que vivemos na falsidade?». A sala cheia aplaudiu e até houve quem exclamasse que José Sócrates «não vive neste país». Passos Coelho, que também esteve em Seia e Gouveia, anunciou ainda que não vai nomear «amigos» para empresas públicas e outros organismos desconcentrados do Estado. «Nomearemos aqueles que o merecerem, por competência, e vamos criar um site onde publicaremos diariamente essas nomeações», referiu. Neste comício, o líder contou com o apoio de António Capucho. O conselheiro de Estado e antigo presidente da Câmara de Cascais, que recusou integrar as listas por Lisboa por causa de Fernando Nobre, veio à Guarda pedir «uma maioria sólida, se possível absoluta» para Passos Coelho. E avisou: «Não dar a maioria ao PSD, mais do que uma grande injustiça, é contribuir para que continue este desgoverno do PS que está a atirar Portugal pelo precipício abaixo».

Luis Martins Pedro Passos Coelho acusou socialistas de terem «rapado o fundo ao tacho» e de «viverem na falsidade»

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