E se até a flor perfuma a mão que a esmaga, também a trampa suja o pé que a esborracha. Este é o domínio da dúvida, o princípio da incerteza nas acções. Devemos reagir à acção violenta com murros e pontapés? Devemos partir para a bofetada no insulto? O que distingue as reacções civilizadas da brutalidade? Um processo demora anos e um murro são segundos. Os criminosos divertem-se na espera e os agredidos queixam-se com dores. Qual a via para o conflito? O vizinho rouba-nos terreno, outro puxa as águas a destempo. Apetece pontapé. Há os crimes da oralidade. São as coisas que se dizem, as injúrias que se lançam. Apetece cuspidela. Que fazer com as ofensas? Que dizer dos brutos, dos ladrões, dos crimes de colarinho e sem ele? A justiça ou a amarra? A lei ou a violência? A Palestina está em plena força bruta. Entre Israel e a Palestina há uma educação de ódio, uma escalada de crime e de agressão. Os mortos são menos que nas nossas estradas, mas são imensos. A velocidade da justiça é que distingue a justeza da acção. Se o violador ri da vítima dez anos, então mais valia o crime, a destemperança. Depois há a questão do corpo. Como se vinga o mais pequeno? Como cobra do leão a pequena gazela? São dúvidas que me assaltam agora que o pé pisou a trampa e o raspo na porta do dono do cão. Coisas…
Por: Diogo Cabrita