«Um momento histórico». Foi deste modo que o presidente da Câmara do Fundão definiu a assinatura do contrato de concessão da exploração e gestão dos sistemas de distribuição de água para consumo público e de drenagem de águas residuais no concelho, realizada na passada quinta-feira. A empresa Aquafundalia, do grupo Aqualia, foi escolhida num concurso público internacional e promete investir cerca de 10 milhões nos primeiros oito anos.
Manuel Frexes considerou que este «ato histórico» vai gerar uma «melhoria na qualidade de vida da população», mas é também «um passo importante para a melhoria do serviço», pois são «necessários novos modelos de governação e gestão da água». O edil fundanense enalteceu a «conjugação de esforços» desta parceria público-privada e lembrou que «todos têm que ter acesso a água potável, mas sem preços excessivos» e com um «valor justo», tendo assegurado que «toda a negociação com a Aqualia assentou numa política de preços baixos». Nesse sentido, assegurou que os tarifários «vão ser económica e socialmente sustentáveis, pois não é possível imputar os reais custos às populações».
O autarca congratulou-se ainda por ter «um parceiro da vanguarda mundial na gestão de água», com a preocupação de que os fundanenses não venham a ser «penalizados no futuro com aumentos exacerbados». Indicou que o aumento «não pode ser superior a cinco por cento por ano», mas sublinhou que «não podemos controlar o preço da água em alta». Apesar disso, Manuel Frexes considerou que vai ser prestado um serviço de «mais qualidade com preços aceitáveis e sustentáveis» para os munícipes. A Aquafundalia, Águas do Fundão, SA dispõe agora de 90 dias para montar toda a logística e iniciar o período de concessão. O diretor da “Aqualia” em Portugal garante que o plano de investimentos vai ser apresentado nos seis meses seguintes, sendo que, «nos primeiros oito anos da concessão, vamos investir cerca de 10 milhões de euros na melhoria da rede e na construção de novas infraestruturas».
Entretanto, a empresa vai escolher um local para instalar o serviço de atendimento ao público. Segundo Artur Vidal, serão criados 23 postos de trabalho ocupados, «na sua maioria, por atuais trabalhadores» da secção de água da autarquia. O responsável anunciou ainda que vai haver melhorias no sistema de faturação e cobrança, bem como no «sistema de bombagens». Por outro lado, serão instalados contadores novos.
«O primeiro-ministro acordou, finalmente», para a questão da água
À margem da cerimónia, Manuel Frexes reagiu à notícia de que José Sócrates terá anunciado a autarcas do Norte que os municípios vão pagar menos à Águas de Portugal. A solução para reduzir as dívidas das câmaras à AdP passará por alargar para o dobro a amortização dos investimentos nas infraestruturas.
No entanto, Manuel Frexes assegura que, ao Fundão, «infelizmente, o primeiro-ministro não garantiu nada, nem às autarquias» da região. «Finalmente, parece que o poder central e, nomeadamente o primeiro-ministro, acordou para esta questão magna, que é a de um bem essencial ter uns preços galopantes devido a sistemas que foram mal engendrados e mal implementados», referiu. Na sua opinião, «uma decisão tão importante como esta devia ter sido dita a todos os municípios, porque todos comungamos das mesmas preocupações», lamentando saber do assunto pela comunicação social. Para o autarca, o preço da água em alta tem que ser «consideravelmente mais baixo» para os municípios, devendo o Estado assumir a sua responsabilidade, «porque virou as costas a um setor tão importante, como o do abastecimento, e foi isso que nos levou a este beco sem saída».
Ricardo Cordeiro