Onda de assaltos a lojas no centro da Guarda

O comércio do centro histórico da Guarda viveu uma semana negra devido a uma vaga de assaltos sem precedentes. Nos últimos dias, várias lojas foram roubadas pela calada da noite, uma delas nas “barbas” da polícia. José Ferreira da Silva, proprietário da perfumaria “Abelhinha”, no Largo Frei Pedro, a cerca de 20 metros da PSP, foi a última vítima dos ladrões.

Tudo aconteceu na madrugada de anteontem, quando três indivíduos partiram a porta de vidro do estabelecimento, esvaziaram 23 prateleiras de perfumes e puseram-se em fuga numa carrinha Mercedes branca. O roubo, ocorrido por volta das 4 da manhã, foi filmado pelo sistema de vigilância da loja e o alarme foi dado por um operador da empresa de segurança a que está ligada, que também avisou a PSP, mas tarde demais – atualmente, há uma única patrulha durante a noite. «Eram perfumes dos mais caros. Levaram o que puderam e só não foi mais porque não tiveram tempo devido ao alarme», lamenta o dono da “Abelhinha”, que ali está estabelecido há 36 anos. Pelas suas primeiras contas, o prejuízo deverá rondar «os 30 a 40 mil euros», estima, acrescentando que tinham chegado novas encomendas por causa do Dia dos Namorados.

Na passada terça-feira, vários vizinhos e amigos de José Ferreira da Silva passaram pela loja e não esconderam a estupefação pelo sucedido. «Foi mesmo nas “barbas” da polícia, até parece impossível», exclamou uma senhora. O empresário também tem dificuldades em entender: «O chefe de serviço disse-me que só ouviu um carro a arrancar, mais nada», adianta, reclamando pelo reforço do policiamento nesta zona comercial da cidade. «Mas parece que também não há elementos suficientes para fazer as rondas durante a noite. Só nos resta andar armados, pois uma coisa destas é de nos fazer perder a cabeça», desabafa. O comerciante garante que a Guarda «já não é uma cidade pacata, as senhoras até têm medo de andar na rua» e conta que uma loja de material fotográfico, na Rua Mouzinho de Albuquerque, ali ao lado, também foi assaltada há dias. «Levaram as máquinas todas. O que arrelia mais é que não vemos depois ação por parte da polícia, assim não podemos continuar», critica.

Semana de assaltos

Para que as coisas mudem, José Ferreira da Silva apela a um levantamento dos comerciantes para exigirem mais segurança. «Temos que nos manifestar para reivindicar aquilo a que temos direito, caso contrário vamos entregar as chaves das nossas lojas ao Governador Civil, porque este estado de coisas não pode continuar», alega. Desde o passado dia 9 que as notícias de assaltos a espaços comerciais têm sido recorrentes. Nessa madrugada, os ladrões arrombaram a porta da “Rouparigas”, na Rua do Comércio, e levaram cerca de 25 mil euros em peças de vestuário. O modus operandi parece ter sido o mesmo que na “Abelhinha”, onde, de resto, os assaltantes deixaram manchas de sangue . Os indivíduos estacionaram uma carrinha branca à porta da loja e levaram o que puderam. Nessa mesma noite, mas na Rua Duque de Bragança, os larápios roubaram 150 euros do fundo de maneio de um café.

Na madrugada seguinte foi “visitado” outro estabelecimento similar situado no edifício Liberal, na mesma rua, de onde levaram um plasma e um computador, entre outros bens. De resto, o registo das ocorrências policiais entre os dias 7 e 13 é sintomático, já que faz referência à apresentação de seis queixas por furto no interior de estabelecimento comercial. Uma outra diz respeito a um roubo por esticão ocorrido na Avenida Sá Carneiro. As autoridades estão a investigar esta onda de assaltos.