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Revitalização do Centro Histórico reprovada no Interreg III

Projecto contemplava a recuperação das três principais praças da vila e do castelo, mas tudo vai continuar como antes

A revitalização do Centro Histórico de Celorico da Beira poderá estar comprometida devido à reprovação do projecto candidatado há alguns meses atrás ao programa comunitário Interreg III. Liderada pela Região de Turismo da Serra da Estrela e pelo município local, a candidatura previa a requalificação das três principais praças e do castelo, além da revitalização do próprio comércio, num investimento que rondaria os 2,5 milhões de euros.

A decisão de Bruxelas apanhou desprevenida a autarquia celoricence, que se vê agora obrigada a «tentar, por outros meios» a viabilização do projecto e «enquadrá-lo noutra saída», revela António Caetano, presidente da Câmara. Recorde-se que este programa iria centrar-se principalmente nas praças da Igreja Matriz de Santa Maria, do Largo do Tribunal e do espaço circundante ao pelourinho da vila, com o objectivo de «devolver o Centro Histórico à população» e criar espaços de lazer onde as pessoas pudessem usufruir do património existente naquela zona nobre. Quanto ao castelo e toda a área envolvente, cuja revitalização cabe ao Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), tudo indica que também vai ter que aguardar por “melhores dias”. É que, segundo o autarca celoricence, o IPPAR está «com dificuldades e não tem meios humanos para dar uma resposta e fazer o projecto», que prevê a recuperação, consolidação e valorização daquele núcleo. O levantamento arquitectónico e topográfico já foi feito pela autarquia e enviado para a delegação de Castelo Branco do IPPAR, serviço que informou entretanto o município da necessidade de serem disponibilizados meios técnicos e humanos para a elaboração do projecto, invocando «falta de pessoal». Uma situação que leva António Caetano a recordar tempos antigos quando o projecto do castelo também foi aprovado, a obra lançada, mas surgiram problemas com a adjudicação. «Houve um grande esforço para as obras de restauro, mas não deu resultado», lastima o autarca, revendo-se agora numa situação em tudo idêntica, embora desta vez sem qualquer projecto.

Por seu lado, José Afonso, director da delegação albicastrense do IPPAR, explica a “O Interior” que a situação se encontra em fase de análise e estudo, mas que ainda vai reunir com o autarca de Celorico da Beira para discutir «alguns aspectos» da intervenção. O responsável explica que, de facto, a delegação solicitou apoio à autarquia no campo arquitectónico, uma vez que apenas dispõe de dois arquitectos para 24 concelhos (a área de abrangência da delegação de Castelo Branco do IPPAR) e «é humanamente impossível os nossos técnicos desenvolverem o projecto». Assim, José Afonso espera somente que a Câmara disponibilize meios de arquitectura para o projecto avançar, avisando desde já que se não houver colaboração e «trabalho de equipa» entre autarquias e IPPAR «não se consegue dar apoio ao património», sobretudo numa altura em que as dificuldades económicas «são enormes».

IPPAR só com dois arquitectos para 24 concelhos

Por enquanto, o castelo de Celorico da Beira vai continuar à espera que as duas entidades responsáveis se unam na execução de um projecto que o consolide e o torne no “ex-libris” da vila. Sem qualquer resguardo, o edifício continua fechado ao olhar dos visitantes, mas aberto ao vandalismo e à destruição. Um cenário que o director da delegação albicastrense do IPPAR quer inverter, mas «só com dois arquitectos não podemos fazer nada», lamenta. Por colocar estão ainda os portões de ferro prometidos há alguns meses, os quais esperam também pelo famigerado projecto, a partir do qual «os técnicos definirão a melhor opção, porque temos várias alternativas». José Afonso garante, de resto, que se se verificarem vandalismos «encerramo-lo mesmo», afirmando peremptoriamente que, por isso, «temos que resolver o assunto quanto antes».

Para já, no terreno está apenas a divulgação do programa RECRIA junto dos celoricenses, informa António Caetano, revelando que tem havido «muitas» solicitações dos habitantes do “coração” da vila que desejam recuperar as suas casas. Todavia, trata-se de um programa que obedece a tramites «muito rigorosos» e por isso demora sempre algum tempo a concretizar. O autarca afiança, de resto, que o RECRIA e o REEDITA estão lançados e enquadram-se «perfeitamente» no Centro Histórico, onde vivem «muitas famílias carenciadas que poderão ter agora uma ajuda para a recuperação dos seus imóveis», interna e externamente, conclui António Caetano.

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