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Despedidos da Delphi à procura de emprego na Câmara da Guarda

Acção inédita convocada por SMS mobilizou mais de 200 antigos trabalhadores da multinacional de cablagens

Um SMS chegou para mobilizar, na semana passada, mais de 200 antigos trabalhadores da Delphi, que fechou portas no final de Dezembro. Os desempregados compareceram na Câmara da Guarda para pedir emprego e, em último caso, obter mais um carimbo que comprove junto do IEFP que todos estão à procura de trabalho.

Ao princípio da tarde de quarta-feira, homens e mulheres encheram o átrio dos Paços do Concelho, fazendo filas para serem atendidos pelos serviços. Quatro postos de atendimento ao munícipe cumpriram a tarefa e meia-hora depois todos rumaram ao Governo Civil para mais um carimbo. Têm sido assim os seus dias desde que a fábrica de cablagens encerrou na cidade e foi para Castelo Branco. «Neste momento não temos perspectivas nenhumas. Na Guarda não há quem ofereça trabalho e só nos resta pedir uns carimbos enquanto der o subsídio de desemprego, depois não sei», lamentou Américo Lourenço, de 33 anos, que esperava ouvir «uma palavra, pelo menos» de Joaquim Valente. Para este antigo trabalhador, esta acção é «um sinal de união do pessoal da Delphi e também uma forma de não deixar esquecer o assunto», até porque a multinacional deixou muita gente nova, «com muito para dar», sem emprego.

Hugo Pereira tem 35 anos e também está pessimista quanto ao futuro. «Temos duas alternativas: saímos da Guarda ou dedicamo-nos à agricultura», referiu, considerando que esta ida à Câmara Municipal é uma prova de «força, união e descontentamento por aquilo que se passou nos últimos dois anos». O antigo operário não estranhou a ausência do presidente da Câmara, recordando que Joaquim Valente «nunca esteve com os trabalhadores da Delphi, não era agora que ia estar». No seu caso, foi aconselhado a estar atento ao “Diário da República” e ao site da autarquia, na eventualidade de surgirem concursos para admissão de pessoal. «Li nos jornais que este ano iam meter cento e tal pessoas na Câmara e nos SMAS, seria bom que metade fossem antigos trabalhadores da Delphi», declarou. Menos optimista está José Ambrósio. O ex-operário e sindicalista disse que «se contam pelos dedos das mãos» os despedidos da multinacional que estão a trabalhar no município.

«Temos a certeza que não foi feito o necessário para que a Delphi continuasse na Guarda», prosseguiu, sublinhando que esta acção também foi «um grito de revolta contra a Câmara pela maneira como tratou os trabalhadores». José Ambrósio acrescentou que muitas empresas têm-se recusado a carimbar a folha, pelo que se optou por ir ao município. Na sua opinião, estas pessoas mereciam agora, «pelo menos, uma palavra de conforto, já que não há trabalho na Guarda» e lamentou que Joaquim Valente não o tivesse feito. «Não lhe teria ficado mal falar connosco, já que viemos aos Paços do Concelho», constata. Já Vítor Tavares, o último representante do Sindicato das Indústrias Transformadoras e da Energia na fábrica da Guarda-Gare, admitiu que a ida à autarquia tem um objectivo político: «Viemos com o intuito de arranjar emprego, mas sobretudo para sensibilizar o poder local para o problema destas pessoas e das suas famílias, que continuam com alguma esperança no futuro», disse.

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