Eduardo Lourenço considerou ser «uma surpresa» os dez anos de actividade do Centro de Estudos Ibéricos (CEI), que sugeriu em 2000, na Guarda, com o objectivo de aprofundar o diálogo e o conhecimento sobre a Ibéria. O repto foi aceite pelas Universidades de Coimbra e Salamanca, juntamente com a Câmara da Guarda, a que se juntou mais recentemente o IPG.
«Não podia imaginar que essa simples sugestão se pudesse ter transformado num centro que já tem uma história», disse o pensador na cerimónia comemorativa da passada sexta-feira. Para Eduardo Lourenço, «é magnífico que seja uma pequena cidade a ter essa coragem que eu não teria para levar a ideia para a frente», admitindo que nesta década o CEI teve um «contributo importante» no aprofundar do diálogo cultural entre Portugal e Espanha. Já Rodriguez Ibarra, ex-presidente da Junta da Extremadura, outro participante no colóquio “A Ibéria e o diálogo cultural”, sublinhou que os dois países têm muitas diferenças, mas que estas não são entraves para uma aproximação que será «profícua e benéfica para ambos». Por sua vez, Jorge Sampaio, que há dez anos inaugurou a sede do CEI enquanto Presidente da República, reconheceu que chegou o momento de reforçar a cooperação entre as duas nações.
O actual Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações defendeu que essa aproximação será «importante» para os dois países saírem da crise: «O momento é de reforço da cooperação, do conhecimento, das culturas, das identidades, dos trabalhos em conjunto, porque a crise que atravessamos necessita de solidificar novas solidariedades, senão não vamos lá», afirmou. E acrescentou que neste contexto «é preciso um pensamento alternativo, um pragmatismo de desenvolvimento e de cultura de que estamos deficitários».