A “socialite” Maria das Dores, actualmente a cumprir 23 anos de cadeia pelo homicídio do marido em 2007, foi condenada pelo Tribunal de Almeida a um ano de prisão por burla. Absolvida dos crimes de furto e dano, a arguida, que não assistiu à leitura da sentença na última quinta-feira, vai ainda ter de indemnizar o sogro, José Pereira da Cruz, em 2.500 euros por danos morais e patrimoniais.
O juiz deu como provado que, em Fevereiro do ano passado, Maria das Dores telefonou, a partir da prisão de Tires, para o caseiro da quinta da família do ex-marido, em Monteperobolso, no concelho de Almeida. Fazendo-se passar por uma cunhada, ordenou-lhe que «se desfizesse de mobiliário, oferecendo-o a quem entendesse» e que arrancasse todas as macieiras de um pomar. Pediu também que lhe enviasse as fotografias da família que encontrasse na casa. O funcionário cumpriu as ordens, com excepção das árvores plantadas pelo marido Paulo Cruz. O tribunal considerou que Maria das Dores agiu «com o objectivo de lesar patrimonial e moralmente» o sogro e a sua família.
Para José Pereira da Cruz, que esteve presente na leitura do acórdão, «a sentença adapta-se à acusação e àquilo que eu queria com este processo». E acrescentou: «Maria das Dores é uma pessoa muito perigosa, é preciso muito cuidado com ela. O relatório pericial apresentado assenta-lhe que nem uma luva ao descrevê-la como uma psicopata com comportamentos perigosos. Nem quero pensar no que pode fazer quando sair da prisão». Já a advogada da arguida estava à espera da absolvição da sua cliente. «Penso que é difícil telefonar da cadeia sem ter alguém por perto, mas este é processo mediático», disse América Cravo, adiantando que vai conversar com Maria das Dores, de 50 anos, sobre o recurso.