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Queda de raio em rua da Guarda provoca elevados prejuízos

Habitantes da Dr. Francisco Pissarra de Matos querem saber porque não actuaram os dois pára-raios instalados na zona

A trovoada que se abateu sobre a cidade da Guarda na noite do dia 22 provocou avultados prejuízos em algumas habitações e estabelecimentos comerciais da Rua Dr. Francisco Pissarra de Matos. Um prédio localizado no final da rua, que se encontra numa zona com dois pára-raios num reduzido espaço, foi alvo da queda do raio que despoletou as falhas de electricidade e de comunicações. O grande receio dos moradores é, agora, que a situação possa voltar a ocorrer e com efeitos mais trágicos.

António Carlos Pina, um dos administradores do prédio atingido pelo raio e proprietário de um estabelecimento comercial na rua afectada, sofreu «prejuízos muito elevados», na ordem dos 2.500 euros, já que só na sua empresa foram “ao ar” uma série de aparelhos que tinha ligados em linha como fax, fotocopiadora a cores, “scanner”, impressora, “modem” e central de telefone. Já em casa, os danos “resumem-se” a duas televisões que «estavam ligadas à antena colectiva do prédio e que queimaram a fonte de alimentação de imediato, porque o raio caiu exactamente na antena», saindo numa parte «mais frágil do prédio onde existem espigões que suportam cabos exteriores da EDP», explica. A situação que poderia ter provocado danos maiores verificou-se no terceiro andar onde a descarga impelida pelo raio «derreteu» um cano de água, o que leva os moradores a afirmar que «se alguém estivesse a mexer na água naquele momento provavelmente teriam morrido pessoas». António Carlos Pina salienta a particularidade do prédio onde caiu o raio estar localizado sensivelmente no meio de dois pára-raios muito próximos um do outro: «O raio caiu ali porque a Natureza assim o quis. No entanto, suscita alguma curiosidade o facto de haver um pára-raios na Secundária da Sé, que está a não mais de cem metros, e outro no Seminário (Bairro do Bonfim) que está praticamente à mesma distância», realça.

Desta forma, o condomínio do prédio afectado já reuniu um conjunto de questões que colocou à Protecção Civil para que esta «possa dar algumas ideias de prevenção futura relativamente a fenómenos naturais», uma vez que vicissitudes como esta deixam os moradores «preocupados e assustados», conta. De resto, o «grande receio» dos habitantes da zona é que a situação possa voltar a repetir-se, não afastando mesmo a hipótese de colocação de um pára-raios no próprio prédio. Joaquim Martins, proprietário de um bar na Rua Dr. Francisco Pissarra de Matos, que também sofreu prejuízos numa televisão e numa arca frigorífica do seu estabelecimento, revela que na noite em que o raio caiu «parecia que estava a assistir a um terramoto», tal foi o estrondo que se fez sentir. O comerciante também estranha que a trovoada tenha feito estragos numa zona entre dois pára-raios. António Fonseca, coordenador do Centro Distrital de Operações de Socorro da Guarda – serviço que resultou da junção dos Serviços Nacionais de Protecção Civil e de Bombeiros –, garante que a manutenção dos pára-raios «não é competência» da estrutura que dirige, mas sim dos proprietários dos prédios. De resto, os pára-raios «têm um tempo de vida útil», ficando por saber se os aparelhos «têm sido vistoriados», sublinha. Até à hora do fecho desta edição, não foi possível contactar os responsáveis pela Secundária da Sé e do Seminário, a fim de aferir se os pára-raios instalados nas duas estruturas têm recebido a necessária manutenção.

Ricardo Cordeiro

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