Perfil:
– António Ferreira
– Presidente do Grupo de Xadrez da Guarda
– Idade: 43 anos
– Naturalidade: Guarda
– Profissão: Advogado
– Currículo: vice-campeão nacional de juniores e de partidas rápidas; campeão nacional de equipas pelo Boavista e pelo GXG; vencedor do torneio de mestres em 93; olímpico em 88; terceiro lugar num campeonato nacional Absoluto em 88
– Hobbies: Xadrez e ler
P-O título vem confirmar que o Grupo de Xadrez da Guarda (GXG) é uma potência da modalidade em Portugal?
R-O GXG já era uma potência, pois cumprimos com os objectivos de formar a escola de xadrez, ter a sede aberta aos associados e cultivar a prática constante da modalidade. O grupo não precisava deste título para ser reconhecido, até porque não era essa a prioridade deste ano.
P- Esse ressurgimento do GXG deve-se a que motivo?
R- Não considero que tenha sido um ressurgimento. Este ano, por iniciativa da nova direcção, decidiu-se inflectir no clube um rumo diferente e deixar de nos preocuparmos com os resultados e na forma como eram conseguidos. Era habitual contratar jogadores de fora que nada tinham a ver com a cidade ou com o passado histórico do grupo, que ganhavam torneios e campeonatos com a insígnia do GXG. Esta era a solução fácil, uma forma de fingir que se está a desenvolver a modalidade. Agora a direcção decidiu apostar na formação, na prata da casa, para conseguirmos ganhar títulos com os formandos do GXG.
P- Quantos praticantes tem o GXG?
R- O clube chegou a ter cerca de 90 inscritos na escola de xadrez. Praticantes activos a jogar regularmente nas provas organizadas pelo clube são cerca de três dezenas e aos nacionais de jovens foram 11 jogadores. Mas o número poderá ir facilmente para o dobro. Estamos a tentar trabalhar juntamente com as escolas num projecto que vai tentar trazer à prática da modalidade mais umas centenas de miúdos, dos quais vão sair, certamente, mais alguns talentos.
P- Qual é o orçamento do grupo neste momento?
R- O orçamento para a escola de xadrez é de oito mil euros de um patrocínio do concessionário Egicar, da Guarda, que já começou a pagar, e o subsídio da Câmara de 13 mil euros.
P- De quanto foi o prémio financeiro?
R- Não houve prémios financeiros. Recebemos um subsídio de 200 euros dado pela federação e uma taça que deve valer uns 10 euros. Em contrapartida os custos rondaram os 6.500 euros.
P- Este título vem provar que não são os orçamentos que ganham prémios?
R- Exactamente. Nós ganhamos o prémio, apesar de estarmos teoricamente muito mais fracos que no ano passado porque preparámos meticulosamente cada jornada com o equipamento informático que levámos. Não deixámos rigorosamente nada ao acaso. Tivemos cerca de seis/sete horas de xadrez por dia, a contar com a preparação e jogos, em condições muito duras, pois jogámos numa sala sem ar condicionado onde a temperatura devia rondar os 40 graus.
P- Na sua opinião, qual é o futuro do xadrez na guarda a nível associativo, económico e desportivo?
R- A direcção decidiu que é importante para o clube manter uma equipa na primeira divisão. Ainda pusemos a hipótese de fazer uma pausa na competição, mas resolvemos que é sempre bom pertencer à primeira divisão e tentar o melhor resultado desportivo. Se o grupo mantiver a equipa (António Ferreira, Kevin Spraggett, Rui Encarnação e Javier Moreno), consegue-se aguentar na primeira divisão. Se não fosse o trabalho duro que fizemos durante o campeonato não tínhamos tido este resultado. Mas para o ano vamos bem preparados e arriscamo-nos a sermos campeões outra vez. Se entretanto algum dos miúdos se destacar, provavelmente já não precisaremos recorrer ao Moreno, que na prática é o único não-residente na cidade.
P- O facto de ser bi-campeão nacional pode funcionar como um bom marketing para o GXG garantir mais apoios financeiros na região?
R- O ano passado não teve muitos resultados. Tínhamos uma promessa, que ainda não se realizou, de apoio financeiro por parte da Joalto, temos também outros compromissos de empresas, ainda por concretizar, mas na prática se não for a Câmara temos de fechar as portas.