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No Bolso

Bilhete Postal

Se perde tudo o que te dou.

Perdeste-me na lavagem da calça

Onde tinhas o meu número.

Deixaste-me cair do bolso roto

Na forma dum canivete Suíço

Com minha morada tatuada.

No Bolso deixas ficar

As notas ténues

Os lembretes suaves

E algum dinheiro pequeno.

As calças têm os bolsos

Carregando essas miudezas,

Onde se descoram desenhos

Endurecem os papéis,

Apagam-se números.

Dei com gente que do bolso

Afagava o sexo morto.

Subtilezas…

E descobri bolsos de cerrar as mãos

De fazer figas e asneiras.

E senti suor nas mãos, dentro deles,

Quando o medo marcava a hora.

Os bolsos são isso tudo…

O corpo que se namora,

Arrumo da memória,

Abrigos de sensações,

Lenços das mãos

Na casa sem toalhas.

No bolso, abandonas as migalhas

E carregas histórias até que as leve

A máquina a centrifugar.

O meu bolso é tudo isso também.

No teu vai a mão cerrada

Que me querias por na cara,

No meu

Vai a alegria dos assobios que lá deixei,

Vão os olhares que me impedi,

Vai o desejo a quem pus trela.

São bolsos onde também vai afecto,

Mais do lado esquerdo

Para onde me deito.

São bolsos canalhas

Porque se riem de ti

Que falas vaidoso comigo,

E eu muito sério, a rir.

Por: Diogo Cabrita

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