Seria um escritor ainda mais extraordinário, vulgar ou Robin dos Bosques português com qualidades universais. Mas só ele podia responder.
A melhor maneira de atacar um povo é ferir-lhe a religião que professa e acredita, seja ela qual for. Mas se alguém bate o pé, defendendo essa religião e o seu povo, passa a ser o lobo mau por ter tirado o brinquedo ao menino mimado. E assim a coisa começa, comercialmente, a desenvolver-se. A melhor honra que lhe podiam ter dado foi a cobertura da sua urna com a bandeira portuguesa, de certeza que, mesmo em sonhos com pesadelos, não viu essa possibilidade e assim, em silêncio, fomos todos a acompanhá-lo e mais não podia exigir.
Não interessa as pessoas ausentes, ou presentes, as palmas, flores e discursos de ocasião ou comparações de escritores com escritores. Nada disso vale nada comparado com o valor e amor da grandiosidade que cobria o seu caixão a caminho da infinita eternidade. Que o recipiente das suas cinzas se mantenha sempre morno para que todos sintam que ainda vive. A Casa dos Bicos foi muito bem escolhida, porque ele será um bico de obra para muita gente. Pena é que, na sua saída da Câmara para o carro funerário, não estivesse ali uma guarda de honra das gentes da Beira Interior com os seus adufes a cantar a Senhora do Almortão para ele ouvir e sentir o espírito e o latejar do coração beirão do canhão de pedra de 2/08/2007.
António do Nascimento, Guarda