O ex-candidato do PSD à Junta de Freguesia da Sé, na Guarda, vai receber uma indemnização de 750 euros por parte do indivíduo que o agrediu na última noite da campanha para as autárquicas de Outubro do ano passado, na Sequeira. Depois de ter sido apresentada queixa na PSP e no Ministério Público, os advogados das duas partes chegaram a acordo em Tribunal, de modo a que o processo fosse concluído.
António Júlio Aguiar frisa que está «satisfeito, não tanto por uma questão de dignidade», mas «mais por uma questão de cultura e de alguma civilização que penso que com todo este processo a pessoa que me agrediu possa ter vindo a reconhecer». O ex-candidato esclarece que «quis que as coisas corressem de uma maneira civilizada» e «foi feito o entendimento entre os advogados de ambas as partes» para que se chegasse a acordo, assegurando que «não é o valor da indemnização que está em causa, mas sim a acção e penso que a pessoa que me agrediu se redimiu apresentando as desculpas à minha frente e do juiz». Essa é também a razão para que o valor que vai receber seja doado a uma instituição de caridade, sustentando que «vivemos num mundo civilizado e não terceiro-mundista e as pessoas têm que ter noção daquilo que são e de onde estão», daí que «temos que ser todos civilizados e as coisas não se resolvem à pancada». Simultaneamente indica que o objectivo principal da acção que interpôs passava por «uma questão de cultura e de dar a entender à pessoa que errou e que não é assim que se procede perante a sociedade». António Júlio Aguiar realça que optou por «salvaguardar» a sua «imagem» e não deu «ênfase a esta questão que se calhar poderia ter rendido politicamente, mas penso que as coisas terão acabado em bem e ficaram por aqui».
Assegura que da sua parte «não há ressentimentos» e espera que «não haja mais situações destas no futuro», tanto que acredita que o processo possa «ter servido de lição para a pessoa que me agrediu e para outros que independentemente das cores partidárias tenham este tipo de atitudes em situações de alguma exaltação como é sempre o último dia de campanhas eleitorais». O antigo candidato recorda que na altura lhe partiram os óculos e lhe rasgaram a camisa, isto quando «tinha acabado de sair do carro. Não me deu tempo de fazer mais nada. Ia numa atitude de apaziguar os ânimos que já estavam exaltados em relação ao carro que ia na minha frente». Realça que sucederam «vários casos nessa noite», mas «apenas este teve pernas para andar em termos do Ministério Público», tendo os outros sido arquivados. «Isto demonstra que, de facto, havia alguma coisa e que havia provas. Mesmo a pessoa que me agrediu reconheceu perante o juiz e perante mim que não estaria no melhor estado psíquico para actuar daquela maneira», considera.
O assunto remonta à noite de 9 de Outubro. Na altura, Constantino Rei, número dois da lista do PSD à Assembleia Municipal, denunciou a situação, afirmando que um grupo de apoiantes de Joaquim Valente tinha agredido «selvaticamente» o candidato social-democrata à Junta da Sé. Na altura, o então candidato relatou que «os carros da caravana do PSD foram barrados» quando atravessavam o Bairro da Sequeira. Foi então que, após alguns impropérios e ofensas verbais dirigidos aos primeiro carros, António Júlio Aguiar terá mesmo sido atacado fisicamente, ao ponto de lhe terem sido partidos os óculos.
Contactada por O INTERIOR, Lurdes Saavedra, ex-vereadora da Câmara da Guarda que curiosamente foi nomeada defensora oficiosa do arguido, não quis tecer qualquer comentário ao desfecho do processo. Apesar das diversas tentativas, também não foi possível obter uma reacção do arguido.
Ricardo Cordeiro