O social-democrata António Robalo já encontrou uma solução para garantir a governabilidade política da Câmara do Sabugal. Após sete meses de uma liderança sem maioria absoluta, o presidente comunicou ao executivo, na semana passada, que Joaquim Ricardo, eleito pelo MPT, vai assumir funções a tempo interior e presidir à empresa municipal Sabugal+.
Joaquim Ricardo assume-se, assim, como o primeiro vereador do MPT na região a desempenhar o cargo em permanência, o que acontecerá a partir de Julho – uma decisão que surge na sequência da aprovação, por unanimidade, em Maio passado, da proposta do presidente do município para o executivo ter mais dois vereadores em permanência. Na altura, soube-se que um deles seria o social-democrata Ernesto Cunha, que no início deste mês se juntou a António Robalo e Delfina Leal no exercício de funções a tempo inteiro. «Era complicado estar quatro anos sem maioria, nesta ginástica permanente», explica o edil, ao referir-se à necessidade de «contactos pontuais com a oposição» para conseguir governar e «garantir que todo trabalho não corre o risco de ser em vão». Face ao figurino do executivo – formado por três elementos do PSD, três do PS e um do MPT –, a escolha acabou por ser «natural, porque um dos partidos tem um eleito apenas», admite o autarca. Daí que não tenha havido conversações com o PS.
Além disso, o autarca diz reconhecer em Joaquim Ricardo «qualidades» que vão de encontro a uma governação pautada por «valores essenciais como a lealdade e a vontade de bem servir» o concelho. «Não há soluções perfeitas, mas não tenho dúvidas de que esta é aquela que melhor traduz os interesses do Sabugal», considera. Até aqui, houve «muita indefinição» e uma situação que «exigiu de mim a da vice-presidente um esforço acrescido, com adiamento de soluções relativas a questões importantes, como a Sabugal+», sublinha António Robalo. Nesse sentido, Joaquim Ricardo será responsável por todas as matérias ligadas à empresa municipal – que gere espaços culturais, desportivos, turísticos e de lazer. «Fui o escolhido e isso honra-me muito», reage o eleito do MPT, natural de Aldeia de Santo António. «Mas não deixarei de ser o Joaquim Ricardo», garante, ao prometer que permanecerá com a «mesma linha de pensamento».
Ainda assim, admite que será mais fácil para os sociais-democratas governar: «É evidente que, até aqui, existia uma “separação”, por não participar na elaboração dos projectos. Ao passar a dar o meu contributo e a ser parte desses documentos, é natural que esteja de acordo e os aprove em reunião de Câmara», refere, revelando ter-se «insurgido contra alguns projectos porque não me revia neles». Para o vereador, «não existe a expressão “passar para o lado de lá”», vendo-se antes como «um elemento facilitador». «A minha linha de pensamento esteve e estará sempre centrada num único partido, que é o concelho do Sabugal», promete. Recorde-se que António Robalo propôs pela primeira vez a inclusão de mais dois vereadores a tempo inteiro em Novembro do ano passado, mas a proposta foi chumbada com os votos dos quatro eleitos da oposição. Na Câmara do Sabugal – onde não há pelouros, mas sim áreas de intervenção –, Ernesto Cunha é responsável pela floresta, a agro-pecuária e o meio ambiente.