O secretário de Estado da Saúde garantiu que a segunda fase das obras de ampliação e remodelação do Hospital Sousa Martins, na Guarda, vai avançar «logo após a conclusão da primeira, que está em curso, representando um investimento total de 90 milhões de euros».
Convidado da sessão sobre “Saúde no Distrito – Realidade e Estratégia”, promovida pelo Governo Civil da Guarda no sábado, Manuel Pizarro reiterou que não haverá «nenhum constrangimento financeiro que limite o prosseguimento das obras, o que seria um completo contra-senso, seria não aproveitar o investimento que já foi feito». O governante anunciou ainda que o financiamento já está assegurado e invocou uma questão de logística para explicar por que os trabalhos de remodelação dos pavilhões mais antigos ainda não avançou: «Não podemos fazer de outra forma. Precisamos das novas áreas actualmente em construção para alojar os doentes e os serviços durante o período em que vão decorrer as obras da segunda fase», disse. Confrontado por alguns dos participantes e pelos jornalistas quanto à criação de um hospital central no interior – já reivindicado pela Covilhã, o secretário de Estado sublinhou ainda que a actual rede hospitalar «não será seguramente alterada nos próximos tempos».
Nesta iniciativa, outro assunto em destaque foi o fecho dos Serviços de Atendimento Permanente (SAP) no distrito. Para Augusto Lourenço, delegado da Ordem dos Médicos na Guarda, a medida é «inevitável, pois não há médicos suficientes para assegurar estes serviços». Uma opinião partilhada pelo médico António Pires, para quem os SAP transformaram-se «na porta de entrada para os cuidados primários». Isto é, «actualmente, não respondem a qualquer necessidade primária em saúde. O que os médicos fazem é chamar uma ambulância e transportar o doente para as Urgências do Hospital Sousa Martins», considerou. Na sua opinião, a existirem SAP na região terão que ser serviços «devidamente apetrechados de meios de diagnóstico», caso contrário «estamos a desviar recursos humanos que são preciosos noutras áreas», sublinhou.
Certidões de óbito e análises online
Por sua vez, o director-geral de Saúde anunciou nesta sessão que os médicos e responsáveis da saúde de cada região vão poder aceder em tempo real aos certificados de óbito e aos resultados das análises clínicas dos pacientes. Tudo estará na Internet graças a um novo serviço online da Direcção-Geral de Saúde (DGS). Para Francisco George, esta ferramenta é «um grande avanço para o nosso sistema de saúde», já que permite “uma leitura imediata dos principais elementos estatísticos que são importantes para definir as estratégias e gerir os assuntos da saúde» em Portugal. No caso dos certificados de óbito, os médicos vão passar a preencher um formulário disponibilizado numa página de Internet de acesso restrito: «No momento em que fica online, o que só será possível após todos os campos estarem correctamente preenchidos, a Unidade Local de Saúde (ULS) passa a ter conhecimento imediato da morte e poderá analisar as suas causas mesmo antes da Justiça ter acesso aos dados», disse.
O mesmo se aplica aos resultados das análises clínicas, também imediatamente disponíveis através de um clique noutra página de acesso restrito. Francisco George sublinhou que a actual gestão do serviço de saúde precisa «cada vez mais de elementos informativos e dados estatísticos, acessíveis o mais rapidamente possível, para decidir e actuar», sendo que os papéis vão acabar com estas ferramentas tecnológicas postas à disposição de médicos e dos gestores. «Hoje, precisamos de informação adequada sobre a população, as suas doenças e as causas de mortalidade para poderem ser pensadas e devidamente implementadas as estratégias para a saúde em cada região do país», acrescentou o director-geral.
Luis Martins