Os municípios de Fornos de Algodres, Gouveia e Seia decidiram juntar-se para organizar uma grande feira do queijo no domingo de Carnaval de 2011 para dar mais notoriedade a este produto tradicional e fomentar a sua comercialização. A cidade de Seia foi sorteada, na passada segunda-feira, para acolher a primeira edição de um certame inédito na Serra da Estrela, onde produtores e autarcas têm vindo a considerar que o modelo das feiras municipais está esgotado.
Três dos concelhos mais representativos da produção de queijo da Serra – além de Celorico da Beira – levaram o repto a peito e, pela primeira vez, vão promover uma feira supramunicipal, abdicando dos seus certames locais. «É uma decisão histórica», sublinhou Álvaro Amaro, presidente da Comunidade Intermunicipal da Serra da Estrela, entidade que vai candidatar o evento a fundos comunitários e a apoios estatais. O objectivo é realizar uma edição anual em cada concelho, sendo que o sorteio ditou a sua realização em Gouveia em 2012 e em Fornos de Algodres no ano seguinte. Para que esta experiência tenha êxito, os parceiros comprometem-se a financiar a deslocação dos seus produtores e a não realizar actividades ligadas ao queijo no mês anterior e posterior ao domingo de Carnaval. «É uma decisão que nos permite ganhar escala, promover melhor o queijo da Serra e aumentar a sua comercialização», acredita o autarca de Gouveia, para quem outro objectivo estratégico é trazer mais visitantes à região. «Não é a melhor opção levar o queijo até a Lisboa, pois isso não beneficia a economia local», justificou Álvaro Amaro.
Para Carlos Filipe Camelo, edil de Seia, esta feira é «um exemplo que estamos a dar à região» com o objectivo de juntar outros municípios produtores desta iguaria. O mesmo pensa José Miranda, de Fornos de Algodres, que defende um acordo mais amplo: «Somos os primeiros, mas a porta não está fechada, pois este projecto deve ser abrangente a toda a Serra da Estrela», considerou, avisando que serão iniciativas conjuntas que vão «salvar a produção de queijo da Serra». O presidente recordou a propósito que já houve no seu concelho 70 queijarias licenciadas, um número que baixou para metade actualmente. «O secretário de Estado do Desenvolvimento Rural tem que cumprir a palavra e ajudar a financiar esta iniciativa, mas também a agricultura familiar, pois sem estes apoios não há queijo da Serra», avisou José Miranda. Álvaro Amaro confirmou que «há, claramente, uma diminuição preocupante» de produtores, mas que ainda será possível salvar um sector importante na economia regional. Actualmente, deverão existir cerca de 200 produtores nestes três concelhos, uma dado que vai ser agora apurado pela comissão organizadora da feira.
Luis Martins