O demagogo agita o discurso, distorce números, tem uma opinião infundada, mas com o peso das suas certezas. Enfatiza verdades dele sobre os resultados de todos os outros, garante impossibilidades e olha zangado se o contradizem. Assim, o demagogo intimida com as suas perversidades, cria ícones de minudências e sobretudo envaidece do que é seu e desvanece de todos os outros. É a linguagem do futebol, das discussões sobre clubes. Um demagogo não conhece méritos a outros.
O demagogo vende nas feiras o que é bom, o que é mau e o avesso, parecendo tudo excelente. O dom da palavra, o dom do malabarismo e da prestidigitação da língua, da encenação de imagens. Uma carta de um demagogo pode trazer mil palavras falsas e soar a iniludíveis verdades. Como se desmascara um discurso demagogo? Apenas com questões de como, quando, quanto, onde se provou isso? O discurso nunca transporta referências ou dados ou factos verificáveis, reprodutíveis e fundamentados em outras experiências. Por exemplo: num discurso onde se diz:
– tu és um gajo só!
Quem o prova? Quem contabilizou? Como se verifica?
– as frutas da Coriscada são as melhores!
Para quem? Quantos o afirmam? Quem votou? Como aferimos o crédito de quem o diz?
– É o melhor Presidente da Câmara de todos os tempos!
Que obras o comprovam? Como aferimos a comparação? Que parâmetros estão em jogo? E que números o comprovam e quem os dá?
A demagogia é um vício e uma menoridade que se não é desmascarada consegue resultados.
– Tu és um demagogo!
Porquê? Como me contrarias? Que números utilizamos?