A rede viária que serve o Marmeleiro e as anexas de Penedo da Sé e Quinta de Gonçalo Martins, constituída pela EM 530 e EM 544, «tem o mesmo piso desde que foi construída, há 30 anos, o que faz dela a pior de todo o concelho da Guarda». Quem o diz é a presidente da Junta, Tânia Cameira, que considera que a Câmara «não pode continuar a adiar por muito mais tempo» a requalificação daquelas estradas devido ao seu estado de degradação.
A reivindicação é antiga e as ansiadas obras estão longe de ser uma realidade, pelo menos a julgar pelo balanço que a autarca social-democrata faz de uma reunião com Joaquim Valente na última segunda-feira, a pedido da Junta, onde esteve também o tesoureiro: «Saímos muito desanimados. O presidente da Câmara diz conhecer o problema e que a requalificação envolve um grande investimento, pelo que a obra terá de ser candidatada a fundos comunitários. Se assim é, já deveria ter sido candidatada», considera Tânia Cameira, ao constatar que «nem sequer existe projecto ou um estudo que indique o valor da obra». «Esta é realmente a maior preocupação da freguesia porque é um problema estruturante», acrescenta. A presidente de Junta explica que estão em causa as ligações entre o Marmeleiro e as anexas, mas também entre concelhos [Guarda e Sabugal] e o acesso às termas do Cró.
De resto, quem circula na EM 530 em direcção ao Sabugal, passando por Marmeleiro, Penedo da Sé e Monte Margarida, consegue facilmente perceber onde termina o território guardense: a via melhora logo que se entra no concelho vizinho. Na EM 544, que atravessa a Quinta de Gonçalo Martins, o cenário de degradação é idêntico. «O mau piso provoca constrangimentos na qualidade de vida das pessoas», queixa-se Tânia Cameira. Quem mora nesta pequena localidade também mostra descontentamento. «Temos aqui uma miséria», refere Joaquina Pires, afirmando que há «muita gente que trabalha na Guarda e que não ganha para o desgaste e estragos no carro com as idas e voltas diárias». Joaquim do Curral exemplifica: «Partimos suspensões e furamos pneus e a Câmara continua a ignorar-nos», protesta, considerando que a Junta anterior «também tem culpas, pois não deveria ter autorizado que a requalificação da estrada tivesse parado à entrada do Marmeleiro, esquecendo completamente as anexas».
«Vivi toda a minha vida em França e uma calamidade como esta nunca vi», diz, por seu turno, António Genete, ao lamentar que a sua terra esteja «completamente esquecida». José António Cameira, outro morador, conta que já teve de transportar uma pessoa para o hospital no seu carro porque a ambulância nunca mais chegava. «Quando há uma emergência é uma preocupação», garante. O INTERIOR tentou ouvir o presidente da Câmara, por várias vezes, sobre este assunto, mas sem sucesso até ao fecho desta edição.