Com a detenção de onze pessoas na madrugada da passada quinta-feira na zona do Fundão e Castelo Branco, a Polícia Judiciária (PJ) da Guarda acredita ter dado um «rude golpe» nas redes de distribuição de droga, em especial de cocaína, que abastecem o interior do país e a província espanhola de Estremadura.
Baptizada com o nome de código “Operação Pastor”, a acção culminou com diversas buscas domiciliárias na zona do Fundão de que resultaram a apreensão de cerca de 8,150 quilos de cocaína em elevado grau de pureza e mais 1,7 quilos de pólen de haxixe. Os homens do Departamento de Investigação Criminal (DIC) da Guarda confiscaram ainda pequenas quantidades de outras drogas, duas viaturas automóveis de elevada cilindrada, duas armas de fogo ilegais, dinheiro, documentos e outros objectos utilizados no tráfico. Segundo o coordenador do DIC da Guarda, a quantidade de cocaína apreendida daria para «112 mil doses individuais». Artur Vaz adiantou que as investigações começaram há seis meses, tendo sido apurado que «o grupo recebia a cocaína em bruto, transformava-a em pó e distribuía-a sobretudo no distrito de Castelo Branco e na Estremadura».
«Houve uma primeira apreensão de 4,5 quilos de droga há algum tempo e a última, de 3,65 quilos, ocorreu na madrugada de quinta-feira durante mais de uma dezena de buscas domiciliárias realizadas com o apoio da GNR do Fundão», disse o responsável. Segundo a PJ, a operação, coordenada pela Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes e pela Unidade de Combate ao Crime Organizado da Guardia Civil, em Madrid, terá permitido desarticular «um grupo criminoso que, de forma regular e organizada, se vinha dedicando à introdução na Península Ibérica, e posterior distribuição, de consideráveis quantidades de cocaína». O modus operandi consistia no recurso a “correios de droga” que viajavam de um país da América Latina, nomeadamente da Colômbia, com «quantidades consideráveis daquele tipo de droga, que vinha habilmente dissimulada na sua bagagem», adianta a Judiciária.
Antes de chegar a Portugal, a cocaína passava pela Argentina e pela capital espanhola, de onde era depois transportada por estrada para a zona do Fundão e Castelo Branco. Sete dos detidos são portugueses, os restantes são três cidadãos espanhóis e um de nacionalidade cabo-verdiana. Nove dos arguidos foram ouvidos em tribunal na sexta-feira, enquanto os restantes dois já estavam em prisão preventiva «há algum tempo». As investigações prosseguem a cargo da Polícia Judiciária, em colaboração com as autoridades espanholas.