A construção da barragem de Girabolhos não merece contestação, a fazer fé no que se passou na passada quinta-feira, em Seia. Na primeira sessão de esclarecimento da Endesa sobre aquele empreendimento hidroeléctrico no rio Mondego, os populares presentes apenas reclamaram acessos e quiseram saber o valor das indemnizações pelos terrenos agrícolas afectados.
«A Endesa não quer guerra com as populações, quer estar ao seu lado. Mas a nossa função não é construir estradas, a não ser as previstas e necessárias ao projecto», disse Guilherme Machado, um dos técnicos responsáveis pelo projecto. Isto, depois de vários intervenientes terem chamado a atenção para a «falta de ligações» locais e de acessos entre as margens. O caso mais preocupante será o da Ortigueira, pequena anexa da freguesia de Girabolhos, que corre o risco de ficar isolada entre as duas albufeiras previstas – uma de enchimento e outra de produção eléctrica. «Têm que nos abrir uma estrada que ligue as duas barragens e siga em direcção à sede de freguesia», exigiu Lúcia Marques, presidente da Comissão de Melhoramentos da aldeia.
O pedido ficou sem resposta, mas vai ser estudado, tendo os técnicos presentes anunciado a construção de dois acessos não previstos nos paredões das barragens. Os presentes também ficaram a conhecer o ante-projecto do empreendimento – já considerado o maior investimento alguma vez realizado em Seia, com custos na ordem dos 357 milhões de euros, pois a Endesa prevê iniciar o projecto definitivo no Verão. Situadas num vale cavado, as albufeiras previstas ficam distantes das povoações e deverão inundar principalmente área florestal. «Esta barragem é um anseio com cerca de 60 anos nesta zona, pelo que é um projecto muito esperado e pacífico», disse um dos participantes. A próxima apresentação do empreendimento de Girabolhos está marcada para dia 29 em Gouveia.
