P – O facto de actualmente a AAUBI ser liderada por uma Comissão de Gestão obrigou a alterações na programação da Semana Académica?
R – Sim, obrigou a muitas alterações. Houve uma diferença grande entre o primeiro cartaz apresentado e o que acabou por ser o cartaz final, o que ficou a dever-se às condicionantes económicas com que nos deparámos. Nesse sentido, fizemos um levantamento das despesas existentes do anterior mandato e chegámos à conclusão de que a AAUBI, apesar de não estar ainda em falência económica, não estaria numa posição financeira muito saudável. Se não houver rapidamente um retorno económico, a AAUBI poderá acabar este ano com passivo. Estamos a lutar para que isso não aconteça, o que também se reflectiu na mudança no cartaz. Não é aquele que desejaríamos, mas a nossa grande festa e o que nos representa perante as outras academias será sempre a Recepção ao Caloiro, daí o investimento não ser tão grande.
P – Como caracteriza o cartaz deste ano?
R – É o cartaz possível devido à situação económica que temos. Faltam nomes sonantes, mas há uma variedade enorme em termos musicais, um cartaz equilibrado de forma a abranger a grande maioria dos gostos dos estudantes. Agora, não o considero um cartaz fraco.
P – Quais vão ser os dias mais fortes?
R – Estamos a apostar na quinta, sexta e sábado, porque são os dias em que os estudantes estão mais habituados a sair à noite.
P – Qual é o orçamento do evento?
R – É de 110 mil euros.
P – Foi fácil reunir apoios?
R – Nunca é fácil. Os únicos apoios que tivemos foram os da reitoria, do IPJ e da Discoteca Companhia. Estamos numa cidade onde, infelizmente, o tecido empresarial é muito fraco, e se vamos fazer o que se costuma fazer nas outras academias o nosso retorno será sempre zero, porque não temos empresas com capital para investir.
P – É certo que a actual comissão de gestão vai estar em funções até Novembro?
R – Sim. Finalmente vamos tentar “limpar a casa”. Há uma atitude completamente diferente por parte da actual comissão de gestão relativamente às anteriores direcções, que é a transparência. Neste momento, qualquer sócio pode ter acesso às contas, às despesas que se fizeram, a quem é que se pagou, o que falta pagar, o que falta receber. Só assim é que entendo que se pode trabalhar, porque se assim não for, as pessoas não têm sequer noção do que os espera quando forem pedir qualquer tipo de apoio a esta associação.
P – Dessa forma, podemos concluir que um dos problemas da anterior direcção terá sido a falta de transparência?
R – Não digo falta de transparência, mas antes, falta de capacidade de comunicar o que se passava dentro da AAUBI.
P – Numa recente AGA ficou estabelecido que a comissão de gestão iria promover uma auditoria interna às contas e actividades de direcções anteriores. Porquê esta medida?
R – Em Setembro detectámos algumas anomalias e comunicámos à direcção que tomou posse. Foi dito na altura que iria ser feita uma auditoria externa às contas e vamos mesmo avançar. Há muitas coisas por explicar e há alguns danos gravosos à AAUBI. Há muita coisa mal na Associação Académica, toda a gente o sabe e toda a gente fala, e há boatos que afectam a AAUBI. Aqui voltamos à questão da transparência, no sentido de ver se o que se diz tem sustentabilidade, ou se não passam de “mitos urbanos” de pessoas que querem desestabilizar.
P – Como é que vê as sucessivas demissões que têm afectado as últimas direcções da AAUBI?
R – Quando me candidatei juntamente com a direcção agora demissionária, fizemo-lo para “limpar a casa”. A pressão foi muita e acho que as pessoas não estão habituadas a lidar com a pressão. Desde que estou na comissão de gestão, já se disse muita coisa de mim e neste momento trabalho 12 horas por dia para a associação. Por isso, quem quiser sabe onde me encontrar. Essa situação proporciona um apoio importante aos núcleos e sócios da AAUBI, mas também me torna um alvo muito fácil a “abater”. É preciso ter uma capacidade de “encaixe” muito grande e isso foi o que foi faltando ao longo das sucessivas direcções. Só as direcções de 2007 e 2008 é que se mantiveram até ao fim. Antes e daí em diante, houve demissões sucessivas, com todo o ónus que isso acarreta ao nível da credibilidade e estabilidade. Se não tivermos uma associação estável, nunca vamos ter uma massa crítica dentro da própria associação e dentro da universidade, e os núcleos começam a desenvolver actividades sem contar nunca com a AAUBI.