Às vezes procuramos as palavras que não saem com a fluência desejada, aí iniciamos um acto de introspecção e questionamos se o que está em causa é apenas falta de tema ou de inspiração. Concluo simplesmente que as ideias se repetem e o mundo continua suspenso na recuperação da crise, na polémica do PEC (cada um que dê o melhor sentido às iniciais), na eleição de um PSD tendencialmente neo liberal, na falta de confiança do “Zé” nos agentes económicos e a descrença crescente na politica e nos políticos. Tudo em vias de resolução ou talvez não.
Mall
Com um défice de 9,4% do PIB, Bruxelas já nos começou a puxar as orelhas e José Sócrates culpou a Administração Local pelo agravamento do défice em 2009, referindo que a Administração Central até poupou…
No burgo questiona-se, passados quatro anos, se vamos ter o Centro Comercial da parceria CMG/TCN. Sabemos que a economia não vai de feição, nomeadamente nos mercados imobiliário e de capitais, mas igualmente no comércio de retalho. Já percebemos que o projecto vai esperar por melhores dias, independentemente de na Câmara só o presidente ter acesso ao dossier e de ao longo dos anos ter mostrado um elevado esforço para o realizar. Falamos de mais de mil postos de emprego prometidos recorrentemente. Concorde-se ou não com a localização, concorde-se ou não com a forma, ou mesmo como a Câmara interveio em parceria com o sector privado, é frustrante perceber que mais uma vez tudo se direcciona para o fracasso. Percebe-se no ar que, desesperadamente, se procuram alternativas. Esperemos mais uns anos até obtermos uma resposta, até porque já nos habituámos a que, entre a ideia (ou o projecto) e a execução devem decorrer pelo menos 10 anos, para amadurecer a coisa, o que apesar de tudo não é símbolo de êxito.
Descansem a Dª Patrocínio, a Dª Isilda, a Dª Lúcia, a Dª Júlia e todos os colegas de trabalho, que ainda não é a hora de irem até ao Matadouro, algo que na realidade poderia estar associado à agonia lenta do negócio, tal como a denominação do espaço faria antever. Mas não havendo Guarda Shopping, o Mercado Municipal e a Central de Camionagem continuarão com aquele aspecto de coisa pouco apetecível, reveladores da forma como a autarquia constrói e gere os espaços públicos. É caso para dizer: “Guarda Mal”
Mal por Bem
A população de Valença iniciou um protesto de rua contra o encerramento do SAP. Talvez ainda se lembrem das primeiras discussões na TV que ajudaram à demissão de Correia de Campos então Ministro da Saúde. Bloquearam o acesso à ponte internacional sobre o Minho durante mais de 1 hora exigindo cuidados de saúde à noite e preparam-se para montar um hospital de campanha com médico e enfermeiro em horário nocturno. Não consigo colocar-me em nenhum dos lados da barricada, por não possuir os dados necessários. Sabemos quanto é urgente racionalizarmos os meios humanos e técnicos existentes, e ao mesmo tempo aumentar a qualidade dos actos prestados. Estranho é o tempo que mediou entre as primeiras discussões e a execução da sentença. Independentemente da justiça da decisão, sabe-nos bem perceber que no período em que sentimos a crescente formatação dos espíritos, ainda há quem lute pelas suas ideias o que não é sinónimo de amplos e incontestáveis direitos.
Em que fase estará o processo de reorganização das Urgências em Portugal? Como irão reagir as populações? O encerramento em Valença constitui o primeiro de uma série ou apenas uma pedrada no charco? No Distrito da Guarda previa-se que permanecessem a Guarda, Foz Côa e Seia com Serviço de Urgência, encerrando os SAP. Como vão reagir as populações e o que vai ser negociado? Trata-se de um dossier quente do ponto de vista político, só facilmente explicável do ponto de vista técnico da gestão. Há três anos a então Sub-Região de Saúde quase encerrou alguns SAP, por ordem da ARS Centro, tendo havido ordens e contra ordens. Espero que a ULS tenha a capacidade e autonomia para reorganizar as suas próprias Urgências independentemente do mapa legado pela equipa de Correia de Campos. É caso para dizer: “Bem, vamos trabalhar em conjunto, antes que nos apanhem com as calças na mão”.
Por: João Santiago Correia