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As tuas férias

Bilhete Postal

Vais de férias e deixas tanto por fazer. Ladrão!

Deixas-me com o meu, o teu, e o que deverias ter.

Carrego as ansiedades de dois nas duas mãos

Que farão o trabalho das quatro que já não são.

Vais de férias malandro e deixas-me carregado.

Eu aqui entre mil papeis, milhões de chamadas

E tu lá onde te espojas, onde te enfardas rindo,

Tu a rir de mim neste lugar escravo e cansado.

Tu vais de férias malandro e eu cheio de inveja.

Não consigo deixar de te imaginar lambuzado,

Na maior galhofa, num bar de praia a esquecer

Todas as dificuldades que podemos almejar.

Vais de férias, sem saber se cá estamos depois,

E vais-te sempre assim, sem cuidar de nós.

Tu és o riso e a falta de siso e és sempre feliz

E vais a Beja e depois Óbidos e no fim Pêra

E largas tudo sem preocupações nenhumas.

Malandro que me deixas todas as tarefas

Empilhadas em papeis arrumados por colunas.

As que não fazes à semana e as que deixas

Para o outro mês quando seguramente terás ido.

Vais de férias sem cuidar do trabalho a mais.

Preocupações e cuidados em ti são plumas,

Deixando-os todos esperando o regresso.

Ah Malandro, percebe de uma vez por todas:

– As tuas férias são importantes aos demais.

Por: Diogo Cabrita

As tuas férias

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