Filipa Cardoso, da Universidade de Aveiro, foi a grande vencedora do 2º Concurso Internacional de Piano Cidade da Guarda, que decorreu no TMG na sexta e sábado. Arrebatando o prémio “Cidade da Guarda” (categoria D), no valor de mil euros, a aluna de 23 anos considerou o galardão «como um ponto de partida».
A vencedora acrescentou que é também «como que uma recompensa pelo trabalho que tenho tido ao nível do estudo do piano, embora saiba que é um trabalho que nunca tem fim, nem nunca está perfeito. Mas fico contente por saber que tem alguma evolução, que compensa e me dá prazer», disse, elogiando a organização do concurso. Num evento pouco participado em termos de público, 12 jovens músicos vindos de todo o país deslocaram-se à Guarda para um concurso co-organizado pelo TMG, Conservatório de S. José da Guarda e pelo grupo de música contemporânea “Síntese”. Para além do prémio máximo ganho pela estudante de Aveiro, o concurso contou com mais três categorias e outros tantos vencedores. Na categoria A, Pedro Oliveira (9 anos), do Conservatório de Viseu, foi o vencedor, levando para casa material didáctico. Do conservatório do Porto vieram Nuno Ventura (12 anos) e Francisco Reis (16 anos), que conquistaram os primeiros lugares das categorias B e C, recebendo 150 e 300 euros, respectivamente.
O vencedor da Categoria C recebeu também o prémio “Síntese” – com o valor monetário de 150 euros -, atribuído à melhor interpretação de uma peça do século XX ou XXI. Do Conservatório da Guarda participaram três alunos, sendo que, o melhor guardense foi Mateus Marta, de 8 anos, que ficou em segundo lugar na Categoria A. Para avaliar os concorrentes, o concurso contou com um júri composto por Fausto Neves (Universidade de Aveiro), a pianista Joana Resende e Carlos Canhoto (Direcção Pedagógica do Conservatório da Guarda). Apesar do «balanço positivo e do nível geral dos concorrentes ser «muito bom», Carlos Canhoto lamentou a fraca adesão do público. O responsável considera haver «um desinteresse do público da Guarda, nomeadamente do público que poderia estar interessado em assistir a um concurso de piano», acrescentando que a plateia do pequeno auditório do TMG era constituída por elementos das famílias dos concorrentes «e pouco mais».
Admitindo algum atraso na divulgação do evento, o docente do Conservatório S. José da Guarda acredita, no entanto, que o problema está na «mentalidade», pois «a cultura em Portugal tem servido sempre para enfeitar, como algo supérfluo, e não como uma aposta de fundo», criticou. «Temos a tendência de achar que é cultural termos um atraso cultural, mas não é. É o resultado de uma forma errada de olhar para a população e para aquilo que deve ser prioritário em termos de política de estratégia de desenvolvimento, que nunca contemplou a cultura como uma área prioritária», sublinhou Carlos Canhoto.
Rafael Mangana 
