Estou rendido a esta fonte imperdível do conhecimento. O YouTube é um lugar de exposição de tudo. Ele há do mais pobre e asqueroso até ao mais brilhante. Encontro os meus temas favoritos, as bandas mais improváveis e os depoimentos malandros, travessos e chocantes de gente incrível. O mais impressionante é que somos nós a construir esta informação com a exposição gratuita daquilo que decidimos lá colocar. Actos espontâneos de partilha da informação. Não é o Pedro que decide estar lá, é alguém que o filmou a ter graça e o decide tornar público. E o YouTube circula pelos e-mails de milhares de pessoas e transporta a informação que um novo género de cidadão consome a rodos. Nós, os velhos, vamos clicando a curiosidade e vamos a medo de vírus e outras destruições. Eles não temem nada porque já entenderam que tudo é efémero e o tempo real medido em electrónica é só um, o instante. Jornais são uma figura morta no tempo deles, porque duram 24 horas. Não há códigos de honra, porque o instante dura um instante e, como o dinheiro, não tem cor, nem pátria, nem família. O YouTube permite-me ver as pessoas que me fascinam e vou lá com frequência ver pedaços de concertos, momentos indescritíveis doutras eras. Alguém lá vai colocando tudo. Esse alguém são pessoas anónimas que abrem sua conta anónima ou quase. Também estou a colocar no YouTube os momentos mais fascinantes que presenciei e registei. Serão memórias no Matrix das pessoas com olhos de ecrã.
Por: Diogo Cabrita