Posto à venda há cerca de um mês, o Matadouro Beira Alta foi comprado pela Matibom, empresa do ramo do abate e da transformação de carnes. Ao Agrupamento de Produtores de Carne do Distrito da Guarda SA, dono da estrutura localizada no parque industrial da Guarda, deverão ter chegado três propostas em carta fechada, sendo a mais elevada a da firma sedeada em Valbom, no concelho de Pinhel.
Daniel Marques, proprietário da Matibom, explica que o objectivo da aquisição do património do Matadouro Beira Alta é «fazer crescer» a empresa: «Temos abate de suínos e uma indústria de salsicharia e transformação de carnes, mas queremos que a Matibom seja mais forte», adianta. De resto, a empresa tem ainda um entreposto de novilhos, trabalhando habitualmente com gado importado de Espanha, e a partir de agora, com o “desaparecimento” de um «concorrente», haverá condições para «comprarmos animais aos agricultores da nossa região em vez de ir a Espanha». No entanto, o empresário reconhece que será necessário «melhorar um bocadinho o funcionamento do matadouro», adiantando que está a ponderar comprar «uma máquina de esfola para novilhos», de modo a possibilitar que «o abate seja mais rápido e mais fácil para o trabalhador».
Por outro lado, pretende «tentar fazer um pouco mais de movimento do que se está a fazer», assegurando querer manter os 22 trabalhadores, «mas com mais rendimento, porque tem funcionários a mais para o movimento que está a fazer», considera Daniel Marques. «Para o abate que estão a fazer neste momento é muita gente. O nosso objectivo não é reduzir o pessoal, é mantê-lo, mas para isso temos de abater mais. Penso que será possível consegui-lo», acredita o empresário, que só deverá tomar posse da unidade no próximo mês. Aliás, acredita que a Matibom, que tem 46 funcionários a laborar em Valbom, reúne condições para colocar o Matadouro da Guarda «a funcionar melhor, não digo já de início a 100 por cento, mas com o tempo vamos ter que pôr aquilo a funcionar a 100 por cento». Em relação ao montante do investimento, o empresário remete para mais tarde a divulgação dos números do negócio. «Sei que a minha proposta foi a mais alta, não sei quanto relativamente aos outros, mas isso também não me interessa», garante.
O Matadouro Beira Alta representou um investimento de dois milhões de euros, tendo sido inaugurado em 2001 pelo então ministro da Agricultura, Capoulas dos Santos. Tem três linhas de abate para pequenos e grandes ruminantes e suínos, com local de sangria único para as três espécies, sendo abatida uma espécie de cada vez. Está equipado para conseguir uma produção na ordem dos 20 bovinos, 70 suínos e 125 pequenos ruminantes/hora, e de nove câmaras frigoríficas com capacidade para armazenar 30 a 35 carcaças de bovinos.
Ricardo Cordeiro
