Olhando para o titulo deste texto pouco ou nada poderemos saber do seu desenvolvimento, contudo uma pesquisa pelo motor de busca da Google milhares de entradas sobre este nome. Mas afinal o que é o HMS Beagle? Este é o nome de baptismo do navio que Charles Darwin utilizou na sua viagem mais famosa.
A viagem de circum-navegação que Charles Darwin realizou a bordo deste navio duraria cerca de 5 anos, entre 1831 e 1836, é um dos mais mitificados episódios da história da ciência. Darwin embarcou no Beagle como o naturalista de bordo com destino ao arquipélago de Galápagos, na região oriental do oceano Pacífico.
A referência a esta viagem surge pelo facto de hoje – 12 de Fevereiro – se assinalar 200º aniversário do nascimento do naturalista inglês e simultaneamente se comemorar este ano o 150º aniversário do livro mais revolucionário da história da ciência – A Origem das Espécies.
O que Darwin ofereceu com este livro foi uma teoria consistente sobre a forma como a evolução pode ocorrer unicamente através de forças naturais, deixando de lado a perspectiva mais sobrenatural da origem da vida.
A teoria da evolução de Darwin assenta num conceito fundamental a evolução por selecção natural. No essencial o conceito defende que pequenas diferenças aleatórias e hereditárias entre vários indivíduos resultam possibilidades diferentes de sobrevivência e reprodução: sucesso para alguns, morte sem descendência para outros. Esta eliminação selectiva natural conduz a mudanças significativas na forma, dimensão, defesa, cor, bioquímica e comportamentos dos respectivos descendentes. O crescimento excessivo da população é responsável pela luta competitiva. Uma vez que os concorrentes menos bem sucedidos geram menos descendentes sobreviventes.
Mas passados estes anos todos ainda a classificamos por “teoria”, será porque as provas serão refutáveis? Será porque Darwin estava errado?
A verdade é que não!! A explicação racional para a maneira como a evolução se teria desenrolado foi um sucesso, ao ponto de ter sido defendida por mais naturalista contemporâneos de Darwin, em especial Alfred Wallace. Apesar de Darwin ter passado 22 anos, em segredo, a recolher provas e ponderar argumentos, quando finalmente publicou o seu livro, em 1859, este rapidamente foi apelidado de revolucionário.
O impacto deste livro na ciência portuguesa foi reduzido,como se pode comprovar pelo facto da tradução desta obra para português demorou cerca de meio século. Esta falta de interesse pelas ideias de Darwin, são semelhantes à apreciação que Darwin faz pela sua passagem pelos Açores, onde fatigado por quase cinco anos de viagem não encontrou “nada que merecesse ser visto”.
Mas a ligação à comunidade científica portuguesa não é totalmente inexistente uma vez que Francisco Arruda Furtado, um açoriano colaborador a partir de 1885 do Museu de Zoologia, correspondeu-se com Darwin entre Junho e Novembro de 1881. Nas pouca correspondência trocada entre ambos, Darwin já se encontrava debilitado fisicamente, Arruda Furtado recebe uma série de conselhos sobre como desenvolver as investigações nas ilhas.
Apesar do pouco impacto em Portugal, a ideia de evolução marcou a ciência para sempre, tal como a ideia da liberdade de Abraham Lincoln (que nasceu no mesmo dia) marcou para sempre a sociedade.
Por: António Costa