Entre as características humanas, o fanatismo, estrutura próxima da obsessão, pode ter um foco estruturador porque carrega-se de teimosia e de impenetrabilidade abrindo caminho como um rolo compressor, uma máquina de serras a desbravar a estrada na floresta. Claro que a cegueira característica do fanatismo corrói o objetivo com a aplicação de imposições, de redução democrática, de castração de direitos e definição de leis próximas das premissas ideológicas. A alteração frequente da lei está sempre associada ou a má governação, ou a restrição de direitos dos outros ou à imposição de ideias que se julgam fundamentais na prossecução de um fim. O fanatismo está, pois, associado a uma incoerência de análise e a uma incapacidade de reflexão sobre os mandamentos defendidos. A adequação à realidade é reduzida à transformação das circunstâncias para fundamentar as ideias. A força do fanatismo veio de todos os déspotas e carregava múltiplas bandeiras. A ditadura e a imposição de ideias são uma característica humana que conduz a guerras, conduz a inevitáveis confrontos. Mais fácil haver um conflito entre dois teimosos do que entre um tolerante e um chato. A anulação do tolerante tem um problema que não era analisado até à presença de votações massivas na direita. O silêncio dos tolerantes não é ilimitado e vai manifestar-se nas opções que lograr realizar de modo discreto. O sossego do voto e a garantia do seu anonimato permite a revolta do tolerante contra o fanatismo. A existência de discursos “politicamente corretos”, que não são mais que verdades convenientes, algumas vezes subterfúgios geradores de negócios embuçados, muitas vezes eloquentes modos de construir empregos para amigos inábeis, levou ao aparecimento de uma consciência de inevitabilidade revoltada. Exemplos: não reduzir a população de animais selvagens impede melhores canis e aumenta perigo de abandonos e, consequentemente, de perigos de saúde pública. Os veterinários explicaram (a ciência) mas o fanatismo exigiu e conseguiu. Os custos com a saúde aumentaram com a presença de cuidados continuados (o negócio de muitas IPSS, de famílias dentro destas, e de alguns privados) sem se construírem outras soluções tendo em conta a família e a componente ensino e melhoramento de habitações. Agora os hospitais estão cheios de doentes que aguardam cuidados continuados. A ausência de contraditório é uma das características do fanatismo e a força do insulto é a eloquência da argumentação. Assim construímos novas direitas e em breve retrocessos civilizacionais importantes.