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Cinco tentativas de suicídio por semana no Hospital da Covilhã

Jovens adultos e idosos são as faixas etárias que mais tentam pôr termo à vida

Chegam às urgências do Hospital Pêro da Covilhã uma média de cinco tentativas de suicídio por semana. Um número que Carlos Leitão, director do serviço de Psiquiatria e Saúde Mental da unidade, considera «dento da média nacional e que não tem conhecido aumentos nos últimos anos».

Na Covilhã, é entre os jovens adultos e os idosos que o suicídio acontece com mais frequência. No primeiro caso, pôr termo à vida surge como consequência de «uma certa imaturidade face à complexidade de determinadas situações», revela o médico. Nos idosos, as causas prendem-se com a solidão e a dor física sentida em doenças crónicas.

No entanto, e seja qual for a razão que conduz às tentativas de suicídio, estas são sempre «um pedido de ajuda e resultam de um quadro depressivo, muitas vezes potencializado pelo consumo de álcool», adianta. De resto, as mulheres tentam o suicídio quatro vezes mais do que os homens. Ainda assim, este suicida-se mais. «Os homens fazem uma interpretação mais drástica da sua situação», refere Carlos Leitão. Já no caso das mulheres tentar o suicídio é, geralmente, «uma forma de pedir ajuda». Habitualmente, a mulher recorre à polimedicação, utilizando medicamentos que tem em casa para tentar o suicídio. O homem, por seu turno, prefere meios mais “eficazes”, como o enforcamento ou a ingestão de produtos tóxicos agrícolas.

Carlos Leitão sublinha que, em todos os casos, a ajuda das pessoas próximas da vítima é fundamental. «Quando alguém se isola, a esfera de amizades deve ter uma atenção especial e oferecer ajuda», sugere. E este é um gesto que pode ser determinante, uma vez que o suicídio é sempre um acto cometido a sós, «de profunda solidão». O psiquiatra acredita que toda a pessoa tem direito à saúde, à qualidade de vida e à saúde mental. «Porém, toda a pessoa também tem o dever de ajudar quem está à sua volta. Tem que haver uma maior responsabilização nesse sentido e não um descartar da responsabilidade apenas para os médicos e para o Estado», adianta, acrescentado que as pessoas têm, antes de tudo, «o dever de ser solidárias». Um quadro depressivo pode resultar de aspectos sociais, familiares ou laborais. «E essas esferas têm a obrigação de ser o primeiro vector na promoção da qualidade de vida de quem está à sua volta», declara. Na Guarda, não foram revelados dados sobre esta matéria.

Rosa Ramos

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