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Antidepressivos

Bilhete Postal

Dezanove milhões de caixas de antidepressivos, ansiolíticos e afins foram vendidos em 2006 em Portugal. Pressuponho que sejam 5 milhões para professores em escolas problemáticas, dois milhões para médicos irritados com o índice biométrico, 1 milhão para administradores hospitalares a lidar com médicos e depois muito bem distribuído por lojistas fora das grandes superfícies, lojistas dos hiper quando não conseguem pagar a renda, arrumadores de carro com a gorja a reduzir-se, donos de fonográficas, advogados que têm de passar recibos, políticos em fim de mandato, juízes após discursos de Marinho Pinto e ainda os portugueses depois do comício socialista em Guimarães. Deprimidos, ansiosos e zangados, os portugueses enchem os livros de reclamações, praguejam nas instituições públicas e agridem-se na rua. O mal são as estranhas subidas do combustível, aumento de desemprego qualificado, perda de controlo financeiro nos sectores do Estado, ausência de salários dignos, trabalho duplo e triplo para ganhar o suficiente para as obrigações diárias. De facto, Portugal está numa fase difícil e num caminho muito ambíguo de sucesso que se traduz em loucura, desespero e depressão. Os portugueses chupam prozac, mascam xanax, dormem com lorenin. E quem toma isto tudo não sexualiza, não recompensa com mimos o parceiro e depois este enche-se de álcool e prozac, e chucha lorenin.

Por: Diogo Cabrita

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