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Despedimentos nas áreas de serviço do Alto do Leomil

Preços mais baixos dos combustíveis em Espanha é o principal argumento invocado pela concessionária das bombas da A25

Mais de 50 funcionários das áreas de serviço do Alto do Leomil, na A25, no concelho de Almeida, vão ser dispensados em consequência da quebra das vendas de combustível naquela concessão da BP. Trata-se das gasolineiras mais próximas de Espanha e dos seus preços imbatíveis.

Na passada sexta-feira, a gasolina sem chumbo 95 custava ali 1,485 euros, mais 34 cêntimos do que nos postos espanhóis, situados 10 quilómetros mais à frente. A diferença era menor no gasóleo, 15 cêntimos, mas nem por isso atractiva, sobretudo para os camionistas. «Antes, quando o gasóleo era mais barato em Portugal, isto parecia um mundo. Às vezes tínhamos que esperar para arranjar lugar no parque TIR. Agora, só paramos para comer qualquer coisa ou descansar, porque a empresa abastece em Espanha», referiu António Oliveira. Como este, outros cinco camionistas faziam tempo no bar. Nenhum deles abasteceu no Alto do Leomil. «Já foi tempo. O Governo espanhol até subsidia as empresas portuguesas que abastecem lá», acrescentou João Charro.

Ajuda para as gasolineiras fronteiriças pede José Ambrósio. O delegado do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas (STIMM) considera que «o destino destas empresas está traçado se não houver uma intervenção do Governo». Neste caso, admite que já haverá pouco a fazer: «Vamos reunir com a administração na quarta-feira [ontem] com o objectivo de salvar os postos de trabalho, mas sabemos que é difícil», adianta. É que nas cartas de despedimento enviadas aos trabalhadores, a empresa – do grupo Gonçalves e Gonçalves, da Guarda – justifica a decisão com «a quebra das vendas, a proximidade com Espanha e a diferença enorme dos preços entre os dois países», afirma José Ambrósio.

Informado da situação, o presidente da Câmara de Almeida já esteve no local para manifestar solidariedade aos trabalhadores e pedir medidas ao Governo. «São necessários preços mais competitivos próximo da fronteira, caso contrário estamos a contribuir para o enriquecimento do país vizinho e para o aumento do desemprego nesta região já tão esquecida e sem alternativas», disse António Baptista Ribeiro, segundo o qual «só as autarquias e os bombeiros da zona fronteiriça continuam a abastecer em território nacional». O Interior tentou falar com Nuno Gonçalves, administrador da empresa que gere as áreas de serviço, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.

Luis Martins

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