O Quinta dos Termos – Escolha Virgílio Loureiro (tinto, 2006) é o melhor vinho com Denominação de Origem Controlada (DOC) da Beira Interior. O galardão foi entregue no último domingo, durante a sessão de encerramento da mostra de “Vinhos e Sabores da Beira Interior”, que decorreu durante três dias no Hotel Turismo da Guarda. Para além do néctar produzido na zona de Caria (Belmonte), conquistaram medalhas de ouro o Almeida Garrett – Syrah (tinto, 2005), o Gravato (tinto, 2004) e o Quinta do Cardo – Síria (branco, 2007). No final, os produtores mostraram-se satisfeitos com esta iniciativa organizada pela Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI) e pelo NERGA – Associação Empresarial da Guarda.
A prova dos 79 vinhos a concurso decorreu no fim de Junho, mas os 40 premiados só agora fora conhecidos. Além da medalha de ouro, e do prémio de melhor vinho para o “Escolha Virgílio Loureiro”, João Carvalho obteve ainda três medalhas de prata e uma menção honrosa, o que o deixou «emocionado e perturbado» com os acontecimentos. «O concurso teve um painel de provadores de grande gabarito que atribuiu pontuações elevadas aos vinhos da região, pelo que se deve dar-lhe uma ênfase e um significado muito positivos», sustenta o grande vencedor. O produtor da Quinta dos Termos defende que este concurso deve continuar, pois «é um factor de engrandecimento para a região, que assim pode começar a ser conhecida de forma positiva em todo o país». Por sua vez, Almeida Garrett recebeu uma medalha de ouro e outra de prata pelo seu Chardonnay (branco, 2007), bem como uma menção honrosa, galardões que o deixaram «satisfeito, porque é um reconhecimento das potencialidades da nossa região para produzir vinhos de qualidade».
O produtor da zona da Covilhã elogiou o concurso e manifestou a vontade de que a iniciativa se repita «para divulgar e promover os vinhos da Beira Interior». Pela sua parte, disse esperar que os prémios conquistados se reflictam «nas vendas e no reconhecimento das qualidades dos meus vinhos». Uma das surpresas da noite foi o ouro conseguido pelo Gravato tinto produzido por Luís Roboredo na Coriscada, no concelho de Mêda, em 2004. «Foi o primeiro vinho que fiz e na altura não sabia o que tinha feito», confidenciou a O INTERIOR. Este vitivinicultor «de fim-de-semana» (trabalha no Porto) produz apenas 10 mil garrafas de cada um dos seus dois vinhos – o vencedor, um Touriga Nacional monocasta, e o Palhete – para manter a quinta que herdou. «É tudo inteiramente feito por mim e pelos meus amigos. Por isso, é um orgulho muito grande e deixa-me com um brilho nos olhos. Esta medalha não é minha, é do Gravato, e é para a população da aldeia. Sem eles não fazia nada», garante Luís Roboredo.
A quarta medalha de ouro foi para o Síria branco da Quinta do Cardo (2007), o único branco a obter a distinção mais valiosa. Para João Correia, director de enologia da Companhia das Quintas, este prémio tem um significado «muito grande, pois é o coroar de muito trabalho e a prova de que aqui fizemos um bom investimento, apesar da Beira Interior não estar na moda, como outras». O especialista destaca ainda o papel que o galardão desempenha na promoção do vinho: «É uma ajuda importante na sua comercialização», afirma. Reflexo das mudanças no mercado dos vinhos, notou-se neste concurso um claro domínio dos produtores particulares na lista de premiados, enquanto as cooperativas conseguiram apenas, no seu conjunto, nove prémios (quatro dos quais menções honrosas). Ainda assim, destaque para a medalha de prata atribuída ao Síria branco (2007) da Adega Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo.
João Pedro Esteves, presidente da CVRBI, mostrou-se agradado com o decorrer do certame e com a qualidade revelada pelos vinhos a concurso: «Este é o primeiro passo. É preciso que as pessoas continuem motivadas, porque só continuando a trabalhar a qualidade conseguirão singrar nos mercados internacionais. Quem tiver qualidade consegue impor-se em qualquer parte do mundo», sublinhou. O dirigente espera que o concurso sirva precisamente para incentivar os produtores a trabalhar em busca do reconhecimento dos apreciadores: «A Beira Interior estava um pouco no anonimato e, com este concurso, conseguimos demonstrar a grande qualidade dos vinhos que já temos e que têm grandes potencialidades», acrescentou. Já Pedro Tavares, presidente do NERGA, aguarda um retorno para o sector: «Agora os produtores poderão tirar algum partido económico e de divulgação dos seus produtos», afirmou, mostrando-se empenhado em dar continuidade ao concurso. «Havia uma grande lacuna nesta área, alguém tinha que dar o primeiro passo», disse.
Igor de Sousa Costa