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Propina no IPG sobe para 750 euros

Dívidas da Associação Académica rondam os 44 mil euros

Os estudantes do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) vão pagar 750 euros de propina no próximo ano lectivo. A subida de 50 euros, relativamente ao valor actual, foi definida em Conselho Geral na semana passada, após negociações entre o IPG e a Associação Académica da Guarda (AAG).

«Uma negociação menos má para os interesses dos estudantes», refere Marco Loureiro, tendo em conta aquilo que se verifica noutras instituições, com propinas superiores às do IPG: «Sem negociação, o Conselho Geral poderia subir esse valor como entendesse», garantiu. Para Marco Loureiro, esta é a demonstração de que os vários organismos do Politécnico estão «unidos pelo futuro do Instituto e pela vinda de novos alunos», tendo criticado os cortes orçamentais da tutela. «Há um desinvestimento do ministério, que passa a “batata quente” para as reitorias e presidências», acusa. Jorge Mendes, presidente do IPG, apresenta o mesmo argumento para descrever a «delicada» situação financeira da instituição. O orçamento para o corrente ano é de 11,1 milhões de euros, 90 por cento dos quais são absorvidos pelo pagamento de salários. No entanto, os montantes a transferir para 2009, que serão conhecidos dentro de dias, não serão melhores.

As declarações de Mariano Gago, ministro da tutela, prenunciam a manutenção dos cortes de verbas. Uma situação que vai inibir o IPG de «fazer coisas que devia», como a aquisição e manutenção de equipamentos e instalações e a promoção dos recursos humanos. Na Guarda, os Serviços de Acção Social vão receber 20 por cento do valor aumentado à propina, de forma a permitir a abertura da cantina 2 aos sábados. A medida beneficiará sobretudo os alunos oriundos das ilhas e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), bem como os estudantes vindos ao abrigo do Programa Erasmus, num total de quase 200 alunos. Em cima da mesa está igualmente a possibilidade deste serviço vir a ser prestado ao domingo a partir de 2010, mas tudo vai depender da afluência aos sábados. Além das preocupações com o bem-estar da comunidade estudantil, a AAG quer também pôr ordem na sua sede. Nos últimos meses surgiram várias dívidas que colocaram o passivo da associação acima dos 50 mil euros.

Um dos casos mais graves prende-se com uma operadora móvel de telecomunicações, que já avançou para tribunal para receber mais de 10 mil euros devidos em chamadas. Há ainda uma dívida de quotização desde 2005 à própria Federação Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico, que também ameaça com a justiça. Os valores em dívida levam Marco Loureiro a responsabilizar Sérgio Pinto e Roberto Salazar, alguns dos dirigentes anteriores. Em aberto está também a possibilidade de ambos serem chamados a tribunal para responderem pelos alegados factos que lhes são imputados pelo actual presidente da AAG.

Antigos dirigentes refutam acusações

Confrontado com as acusações de Marco Loureiro, Roberto Salazar, antigo dirigente no mandato de Rodrigo Gonçalves, preferiu não se alongar em comentários: «Não tenho nada a ver com isso», afirmou. Também Sérgio Pinto, outro ex-presidente da AAG, disse a O INTERIOR que não tinha conhecimento das declarações de Marco Loureiro em detalhe. Ainda assim, acrescentou que «estas pessoas, desde que eram oposição, sempre tiveram uma postura cruel e que ia contra a verdade». Sérgio Pinto argumentou que os relatórios de contas foram aprovados em Assembleia-Geral de Alunos e que «estas acusações poderão servir de fuga à concretização de projectos mais capazes». No entanto, a propósito da conta dos telemóveis, recordou que tentou rescindir esse contrato, deixado por anteriores dirigentes, por não o conseguir cumprir. Sérgio Pinto finalizou, dizendo estar «de consciência tranquila» e ter «tentado tudo» para evitar o aumento das dívidas. Apesar das várias tentativas, não foi possível obter a reacção de Rodrigo Gonçalves, antecessor de Marco Loureiro na presidência da Associação Académica.

Igor de Sousa Costa

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