Arquivo

“Azeitona” reúne grandes actores na Covilhã

Alunos de Cinema da UBI realizam tributo a Manoel de Oliveira

Orlando Costa, Teresa Madruga, Rui Santos e Fernando Taborda são alguns dos actores que participaram em “Azeitona”. Quatro mestrandos de Cinema na Universidade da Beira Interior (UBI) convidaram outros tantos grandes nomes da representação em Portugal, aos quais se juntou Pedro Azevedo, director de fotografia, algumas jovens promessas do cinema e vários jovens da Covilhã. A experiência e a aprendizagem reuniram-se no trabalho académico de Ana Almeida, Humberto Rocha, João Gazua e Luís Campos, partindo de um trocadilho semântico em redor da vida e obra de Manoel de Oliveira.

«O tema foi visto com alguma relutância pela generalidade dos grupos pois, para além de ser um tema muito fechado, o cinema de Manoel de Oliveira é alvo de um preconceito que nós próprios temos de assumir», admite Humberto Rocha. Ainda assim, o grupo recorreu a uma certa subtileza e tentou abordar algumas das suas experiências enquanto alunos da UBI. Trata-se da história de dois amores complicados, em duas gerações separadas pelo tempo, mas a luta contra os medos interiores é superada por Olívia e pelo sr. Manuel.

Foram cinco dias intensos de rodagem que decorreu sobretudo no centro da Covilhã, em que todos participaram gratuitamente. «Achei extraordinário que a Teresa Madruga tenha recebido o guião quatro dias antes e tenha começado a construír a personagem de imediato. Percebeu logo o que queríamos e trouxe ideias que ainda não nos tinham passado pela cabeça, ao nível do guarda-roupa, caracterização ou das músicas que teria de dançar», exemplifica Humberto Rocha.

Da participação de Orlando Costa, os jovens cineastas elogiam «tudo aquilo que nos ensinou ao nível da direcção de actores. Foi incrível como, para além de nos ajudar com a sua experiência, esteve sempre disponível para receber as nossas indicações», lembra. Orlando Costa mostrou-se agradado com o convite: «Estes são os profissionais do futuro da minha actividade. Para além disso, tenho um amor muito grande à minha profissão e é por isso que trabalho aqui, à borla», revela. Ainda assim, destaca o profissionalismo dos estudantes: «Têm uma preocupação muito grande para que tudo saia perfeito. Tiro-lhes o meu chapéu, pois quem está a aprender trabalha mais». A aprender, apesar de já ter terminado o curso de teatro, estava também Cláudia Manuel, a protagonista. Os realizadores viram nela «a imagem, a subtileza e o sarcasmo que se pretendia para a Olívia».

Um trabalho que também Rui Santos (César, no filme) elogia. Esta não é a primeira vez que o actor colabora gratuitamente com jovens realizadores. Por isso, incita as empresas a também elas financiarem o cinema português: «É preciso apostar na qualidade e na divulgação. Se os filmes forem bons e bem divulgados, o que é muito caro, há retorno, depois, em bilheteiras». Pedro Azevedo, agora a trabalhar em Madrid, defende que «estes projectos não podem ficar na gaveta ou no Youtube. Há que enviá-los para festivais para conseguir projecção e, quem sabe, prémios». Humberto Rocha e os colegas de projecto são da mesma opinião: «Concorrer a apenas um ou dois festivais é muito pouco. Queríamos ter o filme a andar um ano, pelo menos, no circuito europeu de festivais, mas até isso custa dinheiro. Esta seria uma boa forma de projectar e divulgar o curso», rematam.

Igor de Sousa Costa

Sobre o autor

Leave a Reply