Abastecer uma viatura de gasolina ou gasóleo é um gesto que custa cada vez mais, sobretudo para quem tem de o fazer diariamente. É o caso dos taxistas. Na Guarda, há muitos que ponderam abandonar a profissão.
João Rebelo, delegado distrital da Associação Nacional dos Transportadores em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), garante que muitos colegas estão nessa situação. «Não adianta trabalhar, mais vale ir para o fundo de desemprego», refere. Na sua opinião, «actualmente é quase impossível ganhar dinheiro, enquanto as tarifas só aumentam uma vez por ano, o preço dos combustíveis sobe 17 ou 18 vezes», critica. Na Guarda, a ANTRAL tem um acordo com a Galp, que permite aos profissionais pagar o combustível a 30 dias, mas a maioria dos taxistas está a recorrer a bombas «mais pequenas», garante.
O principal cliente dos taxistas da cidade é a Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, sendo que 60 a 70 por cento dos serviços são para os hospitais. «Só que estão a pagar-nos a quatro meses, o que torna a nossa situação incomportável», avisa.
João Rebelo considera que a classe é «o bode expiatório na estrada». E não só relativamente aos combustíveis: «É a legislação que regulamenta o transporte de crianças, é o controlo dos tempos de condução, são as coimas. Para os taxistas há sempre tolerância zero», acusa. O delegado da ANTRAL afirma que os colegas que trabalham mais perto da fronteira vão abastecer a Espanha e «muitos deles até já estabeleceram acordos com gasolineiras do país vizinho», mas que isso não compensa no caso da Guarda devido à distância. Entretanto, a subida dos combustíveis já está a levar muitos taxistas a recusar serviços, garante. A ARS paga 132 euros por uma ida ao IPO do Porto. «Temos de pagar 50 ou 60 euros de gasóleo, mais portagens e refeições, já para não falar do desgaste do carro. No fundo, é um dia perdido, em que gastamos cerca de 90 euros», contabiliza.