Um imaginativo campo de cravos artificiais e a reconstituição simbólica da Revolução pelos alunos da escola do 1º ciclo do ensino básico da Guarda-Gare e do jardim-de-infância de S. Miguel marcaram, este ano, as comemorações do 25 de Abril na Guarda. A evocação decorreu no Parque Urbano do Rio Diz na passada quinta-feira, com 330 crianças da zona da Estação, alguns pais e o executivo municipal.
Convidados e protagonistas foram recebidos por mais de uma centena de cravos gigantes, feitos em cada escola e jardim-de-infância do município, que foram plantados nas imediações do semi-coberto. Lá dentro, as crianças da freguesia de S. Miguel recriaram os acontecimentos desse dia de 1974, mostrando o antes e o depois da Revolução, além do desenrolar das movimentações da tropa na Praça do Comércio. Cantou-se o “Grândola Vila Morena”, “E depois do Adeus” ou “Os Meninos à Volta da Fogueira”, mas também algumas músicas de agora, questão de descontrair, como um êxito recente de Bob Sinclair. O espectáculo, de cariz pedagógico e lúdico, começou a ser preparado logo após as férias da Páscoa, com pesquisas de professores e estudantes sobre a Revolução dos Cravos e a ditadura.
Além da Internet, foram consultados jornais da época e os livros escolares das suas professoras. A censura, a trilogia “Fátima, Fado e Futebol”, a rigidez do ensino e dos hábitos (como a severidade nas roupas com que se ia para a escola) foram alguns dos aspectos focados pelos docentes nesta fase de preparação. Já na semana passada, a escola da Guarda-Gare recebeu o escritor José Fanha, que falou da sua obra e de muitas coisas do 25 de Abril. Uma docente, que pediu para não ser identificada, adianta que «os alunos do 1º ano não se apercebem tanto das diferenças» e garante que «os mais velhos não acreditam em tudo o que lhes contamos sobre o antes do 25 de Abril».
