No ano zero do novo milénio, O INTERIOR estreou-se nas bancas da região, divulgando, em primeira mão, a escultura monumental que o artista plástico Leonel Moura tinha projectado para Vilar Formoso e anunciando a inauguração do novo Hospital Pêro da Covilhã. Oito anos depois, o “PORTal” – assim se chamava o projecto que pretendia assinalar a portugalidade na linha de fronteira – continua na gaveta.
Por concretizar ficou também a meta dos seis mil alunos no Instituto Politécnico da Guarda, sonhada pelo presidente de então. Em entrevista, José Alves anunciava que o IPG do futuro seria constituído por novos edifícios, novos cursos e quatro escolas (ESE, ESTG, ESTT e Enfermagem). Mas avisava que, tal como ele e o antecessor, o seu sucessor «não terá sossego enquanto algumas pessoas se mantiverem no IPG». Numa verdadeira azáfama andava, por essa altura, e a pouco tempo de tomar novamente posse, o reitor da UBI, Santos Silva. Tudo por causa da instalação da Faculdade de Ciências da Saúde. E a propósito de Saúde, enquanto António Guterres se preparava para inaugurar o novo hospital da Covilhã, na Guarda o futuro do serviço de Pediatria do Sousa Martins permanecia incerto. A administração enfrentava sérias dificuldades para encontrar pediatras e até o serviço de Obstetrícia corria o risco de vir a ser afectado. Uma preocupação que voltou a estar na ordem do dia passados oito anos.
Por aprovar está ainda o Plano de Ordenamento do Parque Natural da Serra da Estrela, que, em 2000, se anunciava à cabeça de outros projectos emblemáticos, como o plano urbanístico das Penhas da Saúde. Na Guarda, a revitalização do centro histórico corria “a conta-gotas”, tal como agora, e ainda há muito por fazer. Na verdade, oito anos depois o panorama não é muito diferente. O INTERIOR registava ainda a abertura do primeiro parque de estacionamento pago da cidade, numa altura em que se adivinhavam grandes obras sob a Praça Velha e nas proximidades do centro histórico. Contudo, este e outros silos-auto – sob o Jardim José de Lemos, por exemplo – nunca viram a luz do dia. No desporto, os responsáveis pela, entretanto extinta, Desportiva da Guarda tentavam “salvar o barco” do “banco de areia” em que tinha caído. O clube contava, na altura, com a gestão de uma comissão administrativa e agoirava-se, já, que a situação poderia causar «rombos irreparáveis» na colectividade.
Em entrevista, Inês Monteiro, que tinha saído do CDC do Pinheiro para ingressar no Sporting, garantia que pretendia treinar na Guarda. E é por cá que continua. Além dos bons resultados desportivos, a atleta é agora responsável por um meritório projecto de divulgação do atletismo junto das escolas do primeiro ciclo. Na primeira edição da história de O INTERIOR houve ainda espaço para relatos do fim do mundo. Tudo terá acontecido na Faia e Mizarela, a poucos quilómetros da Guarda, onde alguns populares acreditaram que na passagem do milénio se concretizaria a profecia do fim do mundo. Entretanto, já lá vão oito anos… Por cá continuam a escrever semanalmente ou mensalmente colunistas como António Ferreira, Diogo Cabrita, João Almeida Santos, José Carlos Alexandre, Nuno Jerónimo ou Victor Afonso, além dos “cartoons” certeiros de Maurício Vieira e Luís Veloso.